Lorena Miranda Cutlak fala sobre seu novo livro infantil
Um ano e um mês desde sua última publicação, a poetisa, escritora e editora Lorena MIranda Cutlak nos presenteia com mais uma obra de sua safra infantil, Os filhotes da Marquesa, em que os pequenos leitores vão acompanhar a jornada dos 68 ovos colocados pelas galinhas do Sítio Boa Nova, desde sua coleta até seus variados destinos: omeletes, quindins, bolos de aniversário e… uma surpresa especial.
Com ilustrações de Juliana Iasi, o livro transforma matemática em diversão, apresentando de maneira doce e envolvente as noções de contagem, adição e raciocínio lógico e, como diz a própria Lorena, “o misterioso fio invisível que nos liga uns aos outros”.
Acompanhe a entrevista a seguir, em que Lorena nos revela mais detalhes sobre este seu oitavo tesouro feito especialmente para os pequenos.
Revista Esmeril: Você acaba de lançar seu oitavo livro para os pequenos, Os filhotes da Marquesa. Fale um pouco sobre o que te motivou a escrever esse livro em especial, e como foi o processo de escrita.
Lorena: Este livro nasceu de um diálogo com a escritora Mariana Machado. Temos mantido uma constante troca de figurinhas a respeito de literatura infantil (de literatura em geral!), e foi ela quem, um belo dia, trouxe o mote: “Olha em quantas coisas diferentes um ovo pode se transformar!”. Ficamos pensando num modo de fazer história com isso, até que num dado momento eu consegui enxergar Os filhotes da Marquesa inteirinho. Só me restava escrevê-lo.
Revista Esmeril: Houve outros autores e obras que te influenciaram a trabalhar a matemática em um livro infantil?
Lorena: Não sei se dá para dizer que é um livro “sobre matemática”. Não: é tanto sobre matemática e números quanto sobre a vida no campo e na cidade e o misterioso fio invisível que nos liga uns aos outros. A contagem dos ovos entra na história como um elemento a mais, e é para ser sobretudo algo divertido, que não chega a estar em primeiro plano. Eu sou péssima em matemática – sempre brinco dizendo que estudei Letras porque não me dou bem com números!
Revista Esmeril: Qual foi a importância do trabalho de Juliana Iasi na composição da obra?
Lorena: Quem tiver o livro em mãos terá essa resposta. É um daqueles casos em que a ilustração é TUDO. A Juliana não é apenas tecnicamente boa: ela também consegue imaginar seres e universos e lhes dar verdadeira vida com pincel e tinta, de maneira incrivelmente expressiva. Trabalhar com ela é sempre muito estimulante, pois eu sei que não se trata apenas de dar algumas direções a um ilustrador, mas de ter alguém que imaginará o livro junto comigo. Eu brinco dizendo que quero amarrá-la ao pé da minha mesa…
Revista Esmeril: Em pouco tempo, mas não com pouco trabalho, a João & Maria já publicou pouco mais de quatro dezenas de livros infantis e juvenis, de autores brasileiros e estrangeiros, e temos visto uma recepção muito positiva por parte de inúmeros pequenos leitores e, sobretudo, pais. Isso a tem motivado a produzir cada vez mais, e mantendo sempre a qualidade das edições?
Lorena: O que me motiva é fazer literatura de verdade para a infância, que é inclusive o slogan da João & Maria. Isto é: assim como há literatura com L maiúsculo para adultos – aquela que nos mergulha num estimulante universo linguístico ao mesmo tempo que nos apresenta situações relevantes para nossa condição humana –, eu, enquanto mãe e professora, desejo oferecer algo análogo às crianças. E é claro que isto não é nenhuma novidade. Ocorre que a literatura infantil, no atual cenário em nosso país, completamente dominado pelas traduções de obras estrangeiras, anda carente de um refresco, e de quem olhe para as crianças como as verdadeiras “máquinas de conhecer” que são. Alguns adultos já estão tão estragados que poderiam passar o resto de suas vidas folheando livros hipercoloridos com histórias sem graça nenhuma. Criança, não: criança sempre pode mais. Criança precisa ter contato com o que há de melhor em texto e imagem! E o catálogo de livros infantis da Editora João & Maria está aí para suprir essa necessidade.
