ENTREVISTA | Educação, Direito e Alta Cultura

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Edson Piovezan fala sobre o sucessos e os desafios da Editora E.D.A.

Educação, Direito e Alta Cultura. Há quatro anos e três meses surgia, por iniciativa do advogado londrinense Edson Piovezan, uma editora focada nesses três pilares, a E.D.A. E empreendimento era então resultado do sucesso de duas edições de um Fórum cujo objetivo era fomentar o debate sobre a crise da civilização ocidental e trabalhar o resgate da inteligência no Brasil.

Desde então, com todos os desafios de se investir no mercado editorial no Brasil, a E.D.A. já publicou 36 títulos – entre eles, dois best-sellers que integram a famosa Trilogia Ativismo Judicial –, e tem mais dois no prelo ainda para este ano.

Conheça mais sobre a história e o desenvolvimento da E.D.A. na entrevista a seguir, com seu fundador Edson Piovezan, e não deixe de conhecer os títulos da editora!


Revista Esmeril: Fale um pouco da história da E.D.A. Como surgiu a ideia de fundar essa editora, sua linha editorial etc.

Edson Piovezan: Em junho de 2018, organizamos um evento chamado Fórum Educação, Direito e Alta Cultura – E.D.A., idealizado por minha esposa, que percebera a conexão entre esses temas e os três pilares da civilização ocidental – filosofia grega, direito romano e a religião judaico-cristã -, que estão sob constante ataque. Reunimos alguns intelectuais de cada uma dessas áreas para uma série de palestras com objetivo diagnosticar as causas da decadência da inteligência nacional e buscar meios de promover o resgate da justiça e da inteligência no país. O evento foi um sucesso, motivando-nos a organizar o 2º Fórum, em junho de 2019. Nas discussões com participantes do Fórum, fomos percebendo a ausência de literatura de qualidade sobre esses temas mais urgentes e relevantes na área jurídica, que pudesse subsidiar estudos acadêmicos e a própria prática do direito centrada na defesa desses valores civilizacionais.

Em julho de 2019, surgiu a oportunidade de abrir uma editora para essa finalidade, então decidi aceitar a missão, já que não havia ninguém mais se propondo a suprir essa demanda, e professor Olavo insistia que era necessário erguer uma muralha de livros para tentar salvar as inteligências e o Brasil. Aproveitei que o Fórum E.D.A. já era uma marca conhecida e respeitada pela qualidade e seriedade de propósitos e criei então a Editora com o mesmo nome e mesmo perfil. Desde então, já foram publicados 36 livros, entre obras nacionais inéditas e traduções de obras de importantes acadêmicos e juristas estrangeiros.

Revista Esmeril: Quais, entre seus títulos, são os mais vendidos, os que despertaram maior interesse do público, e a que você atribui esse sucesso?

Edson Piovezan: Os dois livros mais vendidos da Editora são o Inquérito do fim do mundo: o apagar das luzes do direito brasileiro, e Sereis como deuses: o STF e a subversão da justiça.

Creio que o grande sucesso dessas obras se deve ao fato de abordarem, de maneira técnica, clara, simples e muito corajosa, os assuntos jurídicos mais importantes do momento histórico do país, com uma linguagem acessível ao leigo, e a população brasileira está sedenta por ouvir a verdade e entender o imbróglio político-jurídico que está fazendo ruir a nação.

Revista Esmeril: Fale um pouco sobre os desafios de se investir no mercado editorial no Brasil.

Edson Piovezan: O grande desafio é produzir livros para uma população que não está habituada à leitura, ao estudo verdadeiro, que deve visar à busca pela verdade, ainda que isso tenha um custo pessoal e exija sacrifícios. O público jurídico brasileiro está acostumado com a cultura de manuais e resumos destinados meramente a obter o diploma e a passar em concursos e com o “copia-e-cola” das peças jurídicas. Neste sentido, é um pouco frustrante ver grandes obras que podem inspirar uma mudança, lenta mas profunda, no cenário jurídico nacional, serem desprezadas pelos sedizentes estudantes, juristas e intelectuais. Outros grandes desafios são a dificuldade de divulgação e pouco retorno financeiro.   

Revista Esmeril: Vocês já enfrentaram algum tipo de revés por causa da linha editorial da E.D.A.?

Edson Piovezan: Não diretamente, porém percebemos em 2023 um enorme receio por parte de autores potenciais em escrever e publicar novas obras e um significativo recuo nas vendas. Parece que as pessoas tanto têm medo de se expressar livremente fora o espectro da cultura hegemônica quanto de buscar estudar temas contra-hegemônicos. No entanto, não ignoramos o fator econômico influenciando nas vendas também.

Revista Esmeril: Quais são os planos futuros para a editora? Este ano ainda haverá mais uma publicação, não?

Nossa intenção é continuar publicando livros relevantes até o limite de nossas forças, apesar de todas as dificuldades de mercado e as restrições cada vez maiores à liberdade de expressão e de pensamento, porque acreditamos que a publicação de boas obras é um dos meios de tentarmos ajudar no resgate da cultura de nosso país.

Neste ano ainda planejamos lançar mais dois livros, mais um do professor Ricardo Vélez Rodrigues, uma reedição de Castilhismo, uma filosofia da república, que é um importante diagnóstico da política e da cultura brasileira contaminada pela ideologia positivista, e uma tradução de um livro de Steven M. Teles, publicado pela Princeton University Press, chamado The Rise of the conservative legal moviment, the battle for the control of law – A Ascensão do movimento jurídico conservador, a batalha pelo controle do direito.  A tradução novamente foi feita, de maneira impecável, por Amauri Saad. O livro aborda as diversas tentativas, com erros e acertos, do movimento conservador americano de voltar a ocupar espaço nas academias e nos tribunais americanos, totalmente dominados pela esquerda nos anos 60, 70. É uma obra importantíssima especialmente pelo momento de enorme crise pela qual passa a justiça brasileira.  


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