CESAR LIMA | Eleições municipais e os conservadores

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Eu já tinha tomado uma decisão pessoal de não opinar sobre as eleições municipais deste ano, mas com a proximidade da data e diante de questionamentos de leitores que me conhecem há algum tempo e sabem da minha relação umbilical com eleições há 30 anos, resolvi dar os meus “2 centavos” de opinião, principalmente a relação dos conservadores com elas.

Para mim não há nenhuma surpresa com as baixarias, agressões e briga entre militantes e dos vários candidatos, esse sempre foi o quadro em eleições municipais há décadas, a grande novidade é que essas confusões estão agora expostas nas grandes redes de mídia, com jornalistas fazendo cara de indignados com o baixo nível e com pregações sobre a necessidade de que se apresentem projetos aos eleitores, mas os eleitores em geral sempre gostaram é das brigas e baixarias, se tivéssemos eleitores interessados em projetos políticos os candidatos já teriam assimilado esse discurso propositivo e, talvez, teríamos pessoas realmente preparadas e de caráter envolvidas na política eleitoral.

Outra novidade é a nova Direita engalfinhando-se em torno de “lideres disruptivos e outsiders”, a nova mania de quem passou a interessar-se por política a partir da eleição de Jair Bolsonaro em 2018, uns acusando-o de “vendido” e até de “traidor” com sua postura de fidelidade ao Partido em que ele é Presidente de “honra” e, não por acaso, é o maior beneficiário dos Fundos Partidário e Eleitoral, fato que ajudará muito o ex-presidente em futuras pretensões eleitorais em nível nacional, não fazendo aqui qualquer juízo moral sobre isso, visto que tal interesse é legitimo diante da estatização dos partidos e eleições no Brasil.

Essa briga na nova Direita é sinal evidente do baixo nível de formação e informação dos eleitores e, principalmente, dos nossos políticos e da militância política, repetindo o modus operandi da tão combatida Esquerda que, ao contrário dos conservadores, investe há décadas na formação política de seus líderes e no doutrinamento da sua militância, mas isso será objeto de um artigo futuro em que estou trabalhando.

Como disse no início, trabalho em eleições municipais e estaduais há 30 anos, ocupando todos os postos dentro da estrutura político-partidária, desde os menores até a alta cúpula, mas sempre preocupado na minha formação intelectual e profissional no desejo de contribuir para que as lideranças e militância fizessem melhor a política, afastando-se das más práticas e diferenciando-se da maneira “progressista”.

Consegui, juntamente com outros, algumas poucas vitórias nesse sentido, mas sempre entendendo que esse é um processo lento e paciente, visto que a esquerda teve a paciência de ir tomando os espaços públicos desde os anos sessenta, como evidenciado no artigo anterior nessa Revista.

Mas a minha paciência se esgotou já nas últimas eleições presidenciais, quando vi as “lideranças”, e diversos influencers, todos ditos conservadores, instigando a população a um movimento irracional e, ao mesmo tempo, irresponsável que levou muitos coitados a uma armadilha e, depois, à prisão, em processos kafkianos dignos de Ditaduras ferozes, sendo deixados à própria sorte quando tudo desabou e o tic-tac se mostrou um grande engodo.

Hoje, com as eleições municipais, essas mesmas lideranças e influenciadores levaram a população, afeita a grandes movimentos revolucionários, a tomarem partido com relação a candidatos, todos brigando para saber quem é o mais “conservador” e digno dos votos, escondendo seus próprios interesses eleitorais imediatos e futuros, como se a eleições municipais fossem importantíssimas no atual quadro disfuncional em que vivemos no país.

Sempre fui um municipalista, defensor do voto distrital, acreditando que é nos Municípios que a vida das pessoas ocorre e de onde, em primeira instância, surgem todos os políticos nos países em que acreditam na Democracia liberal, sem entrar no mérito da tal “Democracia liberal”.

Ocorre que, em nossa Democracia disfuncional, para não dizer Ditadura velada, e com a tão propalada Reforma Tributária, os Prefeitos e Vereadores vão influenciar muito pouco na vida das pessoas, pois foram transformados apenas em gestores de orçamentos limitados e mendigos perante a Administração Federal, onde deverão buscar quaisquer recursos mais importantes, submetendo-se aos caprichos de Brasília.

Os únicos que realmente veem qualquer importância nessas eleições são os tais “lideres”, que visam cada um, apenas, aumentar suas bancadas visando as eleições nacionais de 2026, sempre em termos de manter ou aumentar seus respectivos Fundos Eleitorais e Partidários, novamente colocando as pessoas no fogo, muitas vezes, por candidatos mascarados de conservadores.

Enfim, a única pauta que deveria estar sendo discutida pelos políticos e população, ditos conservadores, deveria ser contra a Juristocracia vigente, a normalização do Brasil e a soltura dos presos políticos, pobres cidadãos iludidos por esses mesmos.

Só espero que acabem logo esses eleições e possamos, finalmente, voltar a debater o que realmente importa.

1 COMENTÁRIO

  1. Excelente artigo! Estarei compartilhando o conhecimento com amigos e colegas. Para que sim a direita seja organizada novamente (como no artigo anterior)

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