CESAR DE LIMA | É o fim do Partido dos Trabalhadores?

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Após o encerramento das eleições municipais, um assunto tem circulado nos meios conservadores, o PT estaria em declínio e próximo de ser varrido do mapa eleitoral. Nada mais falso.

Muitos analistas políticos conservadores, e as redes sociais, estão em polvorosa. Com a conquista de apenas 252 Prefeituras por parte do PT, as notícias sobre sua decadência estão em alta. Muitos não se lembram que esse discurso não é novo, essa “decadência” já aconteceu em outros momentos políticos, e a conversa era a mesma.

O que parece nublar a mente desses analistas é entenderem o PT como mais um partido político. Ele é muito mais que isso. O PT “nasceu” muito antes de ser oficialmente fundado. Ele é um Think Tank revolucionário que se desenvolveu a partir das ideias gramscistas que começaram a fazer sucesso no Brasil com o fracasso da luta armada. As armas de fogo e bombas foram substituídas por livros, seminários, teatro, jornais e revistas nas mãos de intelectuais militantes da esquerda.

Com a redemocratização e a volta das eleições, ao contrário dos Conservadores e Liberais, a Esquerda estava muito bem preparada. Tinham lideranças orgânicas em praticamente todas as instâncias da vida pública. Todos prontos para colocar em prática os planos revolucionários que haviam sido gestados. E essa gestação continua, com método e paciência.

Analisando os resultados das eleições ao longo dos anos, vemos o PT e outros partidos satélites, crescendo e diminuindo o número de eleitos conforme os fatos da política mudam. O que não vemos é diminuir sua organização e método na ocupação de espaços na mídia, universidades, cultura, sindicatos, igrejas e funcionalismo público. A hegemonia de petistas, e agregados, é total.

Uma breve olhada no site da Fundação Perseu Abramo, por exemplo, nos mostram centenas de livros, jornais, revistas, seminários, encontros e debates. São bancados por dinheiro público, fundo partidário, e capital privado de sócios e simpatizantes contribuintes. Seus cursos são atualizados e seu acervo gratuito de livros conta com cerca de 500 obras. Como uma vez afirmou José Dirceu, “vamos tomar o Poder, que é diferente de ganhar eleições”. Essa frase simboliza o ideal gramsciano de tomada de poder. Para eles, ganhar eleições é apenas um meio de aumentar a arrecadação da causa revolucionária.

Apenas a titulo de comparação, indo ao site da Fundação Álvaro Valle, ligado ao Partido Liberal, vemos um cenário bem diferente. Um site bem desatualizado, com dois cursos on-line e alguns livros de Álvaro Valle e artigos escritos até 2015. E só. Ninguém pensa valores e objetivos. Ninguém prepara líderes ou militância. Como competir com a esquerda?

Assim, antes de ficarmos cantando vitórias eleitorais momentâneas e decretando a extinção da esquerda, deveríamos estar nos preparando para uma luta de longo prazo, com método, estudo e paciência. A impressão é que nem começamos.

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