Na Sexta-Feira Santa, devemos meditar sobre a Paixão de Nosso Senhor e tudo o que Ele sofreu por nossos pecados
Hoje lembramos a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, e Sua morte como sacrifício por nossa salvação.
Os poemas a seguir seguem a sequência dos cinco Mistérios Dolorosos do Santo Rosário. Que nos esforcemos para honrar cada gota de sangue que Jesus, Deus feito homem, derramou por nós.
I – Angústia Suprema
Orava ao Pai Jesus no Monte Santo,
enquanto Seus discípulos dormiam,
e angústia e dor supremas Lhe fluíam
no pesaroso peito em desencanto.
Ao ver os Seus dormindo, angustiou-se
ainda mais, e sangue transpirou,
e quando Suas preces terminou,
à vontade do Pai abandonou-se.
Com o peso de todos os pecados
do mundo inteiro, ergueu-se finalmente,
e trilhando os caminhos já ditados,
esmagou a cabeça da serpente,
e ainda que com dissabor ferino,
seguiu resignado Seu destino.
II. Flagelação
Por Seus algozes foi acorrentado
a uma coluna, e preso ali O espancaram
até a exaustão, e quando se cansaram,
novo suplício foi-Lhe preparado:
sob o látego foi dilacerado,
e pedaços de carne Lhe arrancaram
a cada novo golpe, e continuaram
mesmo quando jazia ali deitado.
Sua mãe aquilo tudo observava,
e toda aquela dor também sofria:
o seu peito uma espada transpassava,
e longe estava de acabar o dia,
pois muito sofrimento ainda guardava
o caminho que o Cristo seguiria…
III. Coroação
Soldados bêbados degenerados
um diadema espinhoso Lhe calcaram,
e dolorosamente penetraram
Sua cabeça os espinhos aguçados.
A gargalhar, os endemoninhados
um roto manto púrpura jogaram
às Suas costas, e lhe escarnicaram,
chamando-O “Rei dos Reis”, e alucinados,
a coroa de espinhos lhe afundavam,
fazendo que escorresse o sangue santo
de cima aos olhos, e alto gargalhavam,
enquanto tudo acompanhava em pranto
a Sua mãe – o peito destroçado –,
ao vê-Lo em sangue e em chagas coroado.
IV. Subida ao Gólgota
Depois de torturado e escarnecido,
às costas colocaram-Lhe o madeiro,
e como involuntário companheiro
a acompanhá-Lo ao Gólgota, escolhido
foi Simão Cirineu, e ao que rumavam,
por três vezes caiu Nosso Senhor.
Chorando em desespero O acompanhavam
as filhas de Jerusalém, e a dor
que lhes rasgava o peito não podia
ser mensurada, mas não se igualava
àquela que caiu sobre Maria,
ao ver o que em Seus ombros carregava
seu Filho nos madeiros tão pesados:
era o peso de todos os pecados.
V. Crucifixão e Morte
O corpo lacerado e a derramar
por toda parte o sangue; a angustiante
sensação do repuxo muscular;
a cada prego, dor excruciante;
pulmões, com água e sangue, a Lhe tornar
cada respiração mais ofegante;
nada disso podia se igualar
ao peso dos pecados, extenuante.
E com todo esse peso que o esmagava,
ao Céu por piedade ainda orou
pela escória que ali O assassinava.
E quando a nona hora enfim chegou,
enquanto Ele ofegante ainda orava,
ao Pai o Seu espírito entregou.
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