DOSE DE FÉ | Paixão de Nosso Senhor

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Na Sexta-Feira Santa, devemos meditar sobre a Paixão de Nosso Senhor e tudo o que Ele sofreu por nossos pecados

Hoje lembramos a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, e Sua morte como sacrifício por nossa salvação.

Os poemas a seguir seguem a sequência dos cinco Mistérios Dolorosos do Santo Rosário. Que nos esforcemos para honrar cada gota de sangue que Jesus, Deus feito homem, derramou por nós.

 

I – Angústia Suprema

 

Orava ao Pai Jesus no Monte Santo,

enquanto Seus discípulos dormiam,

e angústia e dor supremas Lhe fluíam

no pesaroso peito em desencanto.

 

Ao ver os Seus dormindo, angustiou-se

ainda mais, e sangue transpirou,

e quando Suas preces terminou,

à vontade do Pai abandonou-se.

 

Com o peso de todos os pecados

do mundo inteiro, ergueu-se finalmente,

e trilhando os caminhos já ditados,

 

esmagou a cabeça da serpente,

e ainda que com dissabor ferino,

seguiu resignado Seu destino.

 

II. Flagelação

 

Por Seus algozes foi acorrentado

a uma coluna, e preso ali O espancaram

até a exaustão, e quando se cansaram,

novo suplício foi-Lhe preparado:

 

sob o látego foi dilacerado,

e pedaços de carne Lhe arrancaram

a cada novo golpe, e continuaram

mesmo quando jazia ali deitado.

 

Sua mãe aquilo tudo observava,

e toda aquela dor também sofria:

o seu peito uma espada transpassava,

 

e longe estava de acabar o dia,

pois muito sofrimento ainda guardava

o caminho que o Cristo seguiria…

 

III. Coroação

 

Soldados bêbados degenerados

um diadema espinhoso Lhe calcaram,

e dolorosamente penetraram

Sua cabeça os espinhos aguçados.

 

A gargalhar, os endemoninhados

um roto manto púrpura jogaram

às Suas costas, e lhe escarnicaram,

chamando-O “Rei dos Reis”, e alucinados,

 

a coroa de espinhos lhe afundavam,

fazendo que escorresse o sangue santo

de cima aos olhos, e alto gargalhavam,

 

enquanto tudo acompanhava em pranto

a Sua mãe – o peito destroçado –,

ao vê-Lo em sangue e em chagas coroado.

 

IV. Subida ao Gólgota

 

Depois de torturado e escarnecido,

às costas colocaram-Lhe o madeiro,

e como involuntário companheiro

a acompanhá-Lo ao Gólgota, escolhido

 

foi Simão Cirineu, e ao que rumavam,

por três vezes caiu Nosso Senhor.

Chorando em desespero O acompanhavam

as filhas de Jerusalém, e a dor

 

que lhes rasgava o peito não podia

ser mensurada, mas não se igualava

àquela que caiu sobre Maria,

 

ao ver o que em Seus ombros carregava

seu Filho nos madeiros tão pesados:

era o peso de todos os pecados.

 

V. Crucifixão e Morte

 

O corpo lacerado e a derramar

por toda parte o sangue; a angustiante

sensação do repuxo muscular;

a cada prego, dor excruciante;

 

pulmões, com água e sangue, a Lhe tornar

cada respiração mais ofegante;

nada disso podia se igualar

ao peso dos pecados, extenuante.

 

E com todo esse peso que o esmagava,

ao Céu por piedade ainda orou

pela escória que ali O assassinava.

 

E quando a nona hora enfim chegou,

enquanto Ele ofegante ainda orava,

ao Pai o Seu espírito entregou.


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