Discípulo mais amado, Filho do Trovão, Evangelista e Vidente de Patmos são alguns dos títulos atribuídos ao mais jovem e mais querido Apóstolo de Nosso Senhor
Hoje é dia de São João, Apóstolo e Evangelista.
Irmão do Apóstolo Tiago de Zebedeu, ou Tiago Maior, natural de Betsaida, João morava com os pais, Zebedeu e Salomé, e trabalhava como pescador, assim como Pedro e André, quando foi chamado a seguir Jesus. Na época, tinha por volta dos seus 20 anos, sendo o mais jovem dos 12 Apóstolos. Antes do apostolado, João era, junto com André, discípulo de João Batista, que indicou Jesus como “o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1: 35 – 37), e passou então a seguir o Mestre.
João é chamado de “o discípulo amado” nos Evangelhos. Ele tinha um imenso afeto por Jesus, que o apelidou, assim como a seu irmão, de “filho do trovão” (Mc 3:17), provavelmente devido às suas personalidades por vezes impetuosas e coléricas (Lc 9:54). Junto com seu irmão Tiago, pediu para sentar ao lado de Jesus em Sua glória, e confirmou sua disposição de “beber do mesmo cálice” que Ele (Mc 10:35 – 45). Junto com Pedro e Tiago, João estava presente quando Jesus se transfigurou no Monte Tabor (Mt 17: 1 – 9; Mc 9: 2 – 8; Lc 9: 28- 36). Na Última Ceia, João reclina sua cabeça junto ao peito de Jesus, ficando o mais próximo possível de Seu Sagrado Coração naquele momento (Jo 13: 25), ou, como afirma Santo Agostinho: “nesse momento, estando João tão próximo da fonte de luz, ele absorveu dela os mais altos segredos e mistérios que depois derramaria sobre a Igreja”. João acompanhou Jesus quando Ele foi preso (Mt 26: 69 – 70; Mc 14: 55 – 64; Lc 22: 66 – 71) e foi o único dos Apóstolos que permaneceu com Ele até o final, quando o Mestre foi crucificado, e é lá que ele recebeu Maria como mãe, assumindo o compromisso de cuidar d’Ela até o fim (Jo 19: 25 – 27).
Nos primórdios da Igreja, João permaneceu em Jerusalém junto a Pedro e Tiago, sendo ele uma das principais colunas daquele comunidade cristã. Após o martírio de Tiago, foi com Maria para Éfeso, na Ásia Menor, onde foram grandes líderes – a casa onde moraram em Éfeso é local de grande peregrinação.
Durante as perseguições romanas contra os cristãos, João foi preso diversas vezes, sendo enfim exilado na ilha de Patmos, a leste no Mar Egeu, e lá permaneceu até a morte do imperador Domiciano. Morreu bastante idoso, entre os 98 e os 100 anos, em Éfeso.
São João escreveu o último dos quatro Evangelhos Sinóticos, além de três cartas apostólicas e do Livro do Apocalipse, escrito em Patmos – o que fez com que fosse chamado “Vidente de Patmos” ou “Vidente do Apocalipse”. O valor de seu legado na construção da Igreja não pode ser mensurado. Segundo o Papa Emérito Bento XVI, “se há um tema característico que emerge dos escritos de São João, esse tema é o amor.” (Os Apóstolos: uma introdução às origens da fé cristã. São Paulo: Pensamento, p. 93). Que o amor, a fidelidade, a fortaleza, a paciência e a sabedoria de São João Evangelista nos sejam inspiração diária.
São João Evangelista, rogai por nós! Rogai por nós, São João Apóstolo!
Episódios da vida de São João
I – O encontro
No dia em que Jesus foi batizado,
encontrava-se às margens do Jordão
um jovem impetuoso e entusiasmado,
que assim como o Batista, era João.
Naquele dia, o primo de Jesus,
apontando-O, disse: “Eis o Cordeiro
de Deus, que vem salvar o mundo inteiro”,
e vendo o jovem João no Mestre a Luz,
a segui-Lo passou naquele instante,
e entre os discípulos se revelou
o mais firme, o mais fiel, o mais constante,
aquele que em Seu Coação ganhou
um espaço que o fez ser designado
como João, o Apóst’lo mais amado.
II – Filhos do trovão
Chegando Jesus Cristo a Samaria,
pelo povo de lá foi maltratado,
e entre os discíp’los Seus, o mais amado,
com seu irmão, ao Mestre ali inquiria
se com fogo dos céus não quereria
que fosse aquele povo exterminado.
Jesus, naquele instante, admirado,
os dois admoestou e à calmaria
volveu seus corações, e os designou
com um título, que então se eternizou:
Boanerges, porque assim, impetuosos,
explosivos, leais e corajosos,
se caracterizaram São João
e São Tiago, os Filhos do Trovão.
III – Do mesmo Cálice
Quando a caminho de Jerusalém
Jesus revela aos doze a Sua Cruz,
o mais amado, a perto d’Ele vem
com seu irmão, e os dois, cheios da luz
do Santo Espírito, de supetão,
perguntam-Lhe se podem se sentar
ao Seu lado na Glória, e a os encarar,
o Mestre lhes pergunta se estarão
preparados pro Cálice amargoso,
e sem pestanejar os dois concordam,
ao que Jesus responde, generoso:
“Se, resolutos, pois, assim me abordam,
tão corajosos e tão paladinos,
comigo estão selados seus destinos!”
IV – Eis aí a tua mãe!
Maria chora aos pés da Santa Cruz,
e junto d’Ela, João, o mais amado,
sofrendo pela sina de Jesus,
que esvai-se Todo em sangue ali pregado.
Amoroso e sofrido olhar conduz
aos dois Nosso Senhor Crucificado,
e eis que naquele instante vem à luz
um novo mandamento, assim cunhado:
“Mulher, eis o teu filho”, diz a Ela,
e a ele: “Eis a tua mãe”, ao que, enfim, sela
com Seu discíp’lo um pacto caridoso
que ele honra, fiel, até o final, zeloso,
com filial amor e alegria,
sempre a cuidar da Nossa Mãe Maria.
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