DOSE DE FÉ | João Evangelista

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Discípulo mais amado, Filho do Trovão, Evangelista e Vidente de Patmos são alguns dos títulos atribuídos ao mais jovem e mais querido Apóstolo de Nosso Senhor

Hoje é dia de São João, Apóstolo e Evangelista.

Irmão do Apóstolo Tiago de Zebedeu, ou Tiago Maior, natural de Betsaida, João morava com os pais, Zebedeu e Salomé, e trabalhava como pescador, assim como Pedro e André, quando foi chamado a seguir Jesus. Na época, tinha por volta dos seus 20 anos, sendo o mais jovem dos 12 Apóstolos. Antes do apostolado, João era, junto com André, discípulo de João Batista, que indicou Jesus como “o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1: 35 – 37), e passou então a seguir o Mestre.  

João é chamado de “o discípulo amado” nos Evangelhos. Ele tinha um imenso afeto por Jesus, que o apelidou, assim como a seu irmão, de “filho do trovão” (Mc 3:17), provavelmente devido às suas personalidades por vezes impetuosas e coléricas (Lc 9:54). Junto com seu irmão Tiago, pediu para sentar ao lado de Jesus em Sua glória, e confirmou sua disposição de “beber do mesmo cálice” que Ele (Mc 10:35 – 45). Junto com Pedro e Tiago, João estava presente quando Jesus se transfigurou no Monte Tabor (Mt 17: 1 – 9; Mc 9: 2 – 8; Lc 9: 28- 36). Na Última Ceia, João reclina sua cabeça junto ao peito de Jesus, ficando o mais próximo possível de Seu Sagrado Coração naquele momento (Jo 13: 25), ou, como afirma Santo Agostinho: nesse momentoestando João tão próximo da fonte de luz, ele absorveu dela os mais altos segredos e mistérios que depois derramaria sobre a Igreja. João acompanhou Jesus quando Ele foi preso (Mt 26: 69 – 70; Mc 14: 55 – 64; Lc 22: 66 – 71) e foi o único dos Apóstolos que permaneceu com Ele até o final, quando o Mestre foi crucificado, e é lá que ele recebeu Maria como mãe, assumindo o compromisso de cuidar d’Ela até o fim (Jo 19: 25 – 27).

Nos primórdios da Igreja, João permaneceu em Jerusalém junto a Pedro e Tiago, sendo ele uma das principais colunas daquele comunidade cristã. Após o martírio de Tiago, foi com Maria para Éfeso, na Ásia Menor, onde foram grandes líderes – a casa onde moraram em Éfeso é local de grande peregrinação.

Casa da Virgem Maria – Wikipédia, a enciclopédia livre
Casa de Nossa Senhora em Éfeso

Durante as perseguições romanas contra os cristãos, João foi preso diversas vezes, sendo enfim exilado na ilha de Patmos, a leste no Mar Egeu, e lá permaneceu até a morte do imperador Domiciano. Morreu bastante idoso, entre os 98 e os 100 anos, em Éfeso.

São João escreveu o último dos quatro Evangelhos Sinóticos, além de três cartas apostólicas e do Livro do Apocalipse, escrito em Patmos – o que fez com que fosse chamado “Vidente de Patmos” ou “Vidente do Apocalipse”. O valor de seu legado na construção da Igreja não pode ser mensurado. Segundo o Papa Emérito Bento XVI, “se há um tema característico que emerge dos escritos de São João, esse tema é o amor.” (Os Apóstolos: uma introdução às origens da fé cristã. São Paulo: Pensamento, p. 93). Que o amor, a fidelidade, a fortaleza, a paciência e a sabedoria de São João Evangelista nos sejam inspiração diária.

São João Evangelista, rogai por nós! Rogai por nós, São João Apóstolo!

 

Episódios da vida de São João

 

I – O encontro

 

No dia em que Jesus foi batizado,

encontrava-se às margens do Jordão

um jovem impetuoso e entusiasmado,

que assim como o Batista, era João.

 

Naquele dia, o primo de Jesus,

apontando-O, disse: “Eis o Cordeiro

de Deus, que vem salvar o mundo inteiro”,

e vendo o jovem João no Mestre a Luz,

 

a segui-Lo passou naquele instante,

e entre os discípulos se revelou

o mais firme, o mais fiel, o mais constante,

 

aquele que em Seu Coação ganhou

um espaço que o fez ser designado

como João, o Apóst’lo mais amado.

 

II – Filhos do trovão

 

Chegando Jesus Cristo a Samaria,

pelo povo de lá foi maltratado,

e entre os discíp’los Seus, o mais amado,

com seu irmão, ao Mestre ali inquiria

 

se com fogo dos céus não quereria

que fosse aquele povo exterminado.

Jesus, naquele instante, admirado,

os dois admoestou e à calmaria

 

volveu seus corações, e os designou

com um título, que então se eternizou:

Boanerges, porque assim, impetuosos,

 

explosivos, leais e corajosos,

se caracterizaram São João

e São Tiago, os Filhos do Trovão.

 

III – Do mesmo Cálice

 

Quando a caminho de Jerusalém

Jesus revela aos doze a Sua Cruz,

o mais amado, a perto d’Ele vem

com seu irmão, e os dois, cheios da luz

 

do Santo Espírito, de supetão,

perguntam-Lhe se podem se sentar

ao Seu lado na Glória, e a os encarar,

o Mestre lhes pergunta se estarão

 

preparados pro Cálice amargoso,

e sem pestanejar os dois concordam,

ao que Jesus responde, generoso:

 

“Se, resolutos, pois, assim me abordam,

tão corajosos e tão paladinos,

comigo estão selados seus destinos!”

 

IV – Eis aí a tua mãe!

 

Maria chora aos pés da Santa Cruz,

e junto d’Ela, João, o mais amado,

sofrendo pela sina de Jesus,

que esvai-se Todo em sangue ali pregado.

 

Amoroso e sofrido olhar conduz

aos dois Nosso Senhor Crucificado,

e eis que naquele instante vem à luz

um novo mandamento, assim cunhado:

 

“Mulher, eis o teu filho”, diz a Ela,

e a ele: “Eis a tua mãe”, ao que, enfim, sela

com Seu discíp’lo um pacto caridoso

 

que ele honra, fiel, até o final, zeloso,

com filial amor e alegria,

sempre a cuidar da Nossa Mãe Maria.


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