DOSE DE FÉ | Joana D’Arc

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Padroeira da França, a santa guerreira, martirizada aos 19 anos, constitui modelo de coragem a toda prova e fidelidade a Deus para a juventude

Hoje é dia de Santa Joana D’Arc, virgem e mártir.

Filha de camponeses, Joana nasceu em 1412, no vilarejo de Domrémy, pertencente ao Ducado de Lorena, na França. Desde pequena demonstrava inclinação piedosa, tinha prazer especial nas missas e todas as celebrações da igreja, gostava de aprender sobre a Doutrina Católica e orava constantemente.

Aos 13 anos, passou a ouvir uma voz que a orientava no caminho de Deus, para que mantivesse sua integridade e sua pureza, sobretudo infundindo-lhe os dons da Ciência e da Fortaleza. Posteriormente, essa voz iria se revelar como a de São Miguel. Sob a orientação do santo Arcanjo, Joana viveu sua adolescência com muitas bênçãos.

Quando ela estava com 17 anos, São Miguel passou a orientá-la não mais para a própria salvação apenas, mas para a de toda a França. O país sofria com as tentativas de invasão por parte dos ingleses havia décadas, no evento que ficou conhecido como Guerra dos Cem Anos. De fato, a França estava ameaçada de deixar de existir como país, um rei – Carlos VII – sem trono (tomado pelo rei da Inglaterra) e parte da nobreza, ligada ao Duque de Borgonha, partidária dos ingleses. A voz do Arcanjo orientava Joana a comparecer diante de Carlos VII, que se encontrava em Chinon, e, com sua autorização, liderar o exército francês contra as tropas inglesas. E assim ela o fez.

Carlos VII, após colocar Joana à prova, creu nas palavras da jovem, que dizia ter sido enviada por Deus para socorrer a França, colocou o exército à sua disposição. A Donzela de Orleans, como ficou conhecida Santa Joana D’Arc, sempre à frente das tropas portando um estandarte com a imagem de Jesus, liderou os soldados franceses em batalhas vitoriosas, recuperando grande parte do território que havia sido tomado pelos ingleses e salvando muitas almas – ela reformou a disciplina e os costumes das tropas, e fez com que todos os soldados se confessassem e comungassem antes das lutas. Graças a àquelas vitórias, em 17 de julho de 1429 Carlos VII foi coroado e empossado como rei legítimo.

A França, no entanto, ainda não estava livre dos ingleses, que obtinham o domínio de Paris. Joana liderou uma incursão à capital francesa, mas sem sucesso. Nessa ocasião, ele mesma foi ferida por uma flecha. Enquanto isso, Carlos VII, já esquecido de sua protegida (e protetora), articulava acordos diplomáticos com o traidor Duque de Borgonha. Na primavera de 1430, quando Joana foi apanhada pelas tropas dos Borguinhões enquanto liderava uma campanha para libertar a cidade de Copiègne, o monarca pouco se esforçou para salvá-la.

Joana foi vendida para os ingleses e transferida a Rouen, onde começou seu martírio. Por quatro meses foi maltratada na cela onde foi encarcerada, sempre vigiada por cinco homens armados. Enquanto isso, moveu-se contra ela um processo inquisitorial fraudulento, coordenado pelo corrupto Pierre Cauchon, Bispo de Beauvais a serviço dos ingleses. Na conclusão do processo, a jovem foi condenada à fogueira por heresia.

Sua execução aconteceu na manhã 30 de maio de 1431, na Praça do Mercado Velho, em Rouen. Apesar da condenação por heresia, foi-lhe permitido que se confessasse e comungasse. A adolescente de 19 anos morreu olhando para seu crucifixo, certa de que havia feito a vontade de Deus. Suas cinzas foram jogadas no rio Sena, para que não se tornassem objeto de veneração.

A justiça enfim é feita

Quinze anos depois, em 1456, foi feita a revisão do processo contra Joana D’Arc e ela foi inocentada pelo Papa Calisto III. No mesmo processo, o Papa excomungou postumamente Pierre Cauchon.

Em 1909, a Donzela de Orleans foi beatificada por São Pio X, e em 1920, canonizada por Bento XV. Padroeira da França, a santa guerreira constitui modelo de coragem a toda prova e fidelidade a Deus para a juventude.

Santa Joana D’Arc, rogai por nós!

 

Martírio e Glória de Santa Joana D’Arc

 

Enquanto ia a jovem Joana à praça,

ao final do processo fraudulento,

o que ela mais queria em tal momento

era estar confessada e em plena graça,

 

o que – graças a Deus – foi-lhe assentido.

Confessada e absolvida, comungou,

e quando à lenha o fogo se ateou,

na Cruz mantinha o olhar agradecido.

 

O duque, o rei, o bispo, nada mais

do miserável mundo lhe importava,

pois já escutava as sobrenaturais

 

melodias do Arcanjo que a buscava,

e enquanto a sua carne chamuscava,

ela rumava às Glórias Eternais.


Esse conteúdo é exclusivo para assinantes da Revista Esmeril.

Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2023

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Abertos

Últimos do Autor