DOSE DE FÉ | Antônio

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Padroeiro de Portugal e um dos santos mais populares do Brasil, Santo Antônio realizou tantos milagres em vida e depois de sua morte, que teve o processo de canonização mais rápido da história

Hoje é dia de Santo Antônio de Pádua, ou Santo Antônio de Lisboa, sacerdote e Doutor da Igreja.

Nascido com o nome de Fernando de Bulhões, em Lisboa, em 15 de agosto de 1195, era de família nobre, filho único de Martinho de Bulhões, oficial do exército de Dom Afonso.

De temperamento mais introvertido, desde pequeno ele gostava de recolhimento e estudo. Aos 19 anos, ingressou contra a vontade do pai no Mosteiro de São Vicente dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, onde morou por dois anos. Depois, mudou-se para o Mosteiro da Santa Cruz, em Coimbra, centro intelectual de Portugal na época. Viveu lá por dez anos, completando seus estudos e sendo ordenado sacerdote. Como padre agostiniano, revelava o dom da palavra, com pregações poderosas.

O jovem Padre Fernando, no entanto, parecia buscar algo mais em sua vida, e essa falta que ele sentia seria preenchida pelos freis franciscanos que conheceu em Coimbra. Resolveu juntar-se à Ordem dos Frades Menores, adotando o nome de Antônio, em homenagem a Santo Antônio do Deserto (ou Santo Antão), e mudando-se para o Mosteiro de São Francisco de Assis.

Frei Antônio alimentava a o desejo de pregar o Evangelho aos pagãos no Marrocos. Obteve licença para tal, mas adoeceu no meio da viagem e precisou retornar a Portugal. Uma tempestade no mar, no entanto, fez com que seu barco fosse parar na Itália. Era lá que a Providência o queria.

Na Itália, conhece São Francisco de Assis em pessoa, que logo reconhece em Frei Antônio, que passa a chamar de “meu Bispo”, alguém para instruir e formar seu rebanho. Deixa-o responsável pela formação teológica dos Irmãos em seu Mosteiro. Após a morte de São Francisco, em 1227, foi enviado a Roma para apresentar as Regras da Ordem ao Papa Gregório IX, que se impressionou com suas inteligência e eloquência. O Pontífice passaria a chamá-lo de Arca do Testamento.

Grande orador e reformador de costumes, nos poucos anos em que ainda viveria, o Santo de Lisboa ainda converteria multidões de descrentes e hereges de volta à fé católica. Pregou por inúmeras cidades da Itália, sobretudo Pádua, onde fundou seu convento, e também no sul da França, principal foco do catarismo ou heresia albigense. Seus sermões, muito concorridos, faziam ajuntar-se em torno dele até 30 mil pessoas. Esses sermões, além de outros tratados, estão reunidos em dois grossos volumes. Em nossas letras, um outro padre português chamado Antônio (este, Vieira), também grande orador, homenageou Santo Antônio revivendo um memorável episódio de sua vida no consagrado Sermão de Santo Antônio aos Peixes.

Por onde passava, também, o Santo de Lisboa e Pádua realizava milagres sem conta. Curava aleijados, cegos, surdos, loucos, doentes e desenganados corriqueiramente. Além disso, entre seus milagres, constam: controle sobre a consciência dos animais, controle sobre o tempo, bilocação (estar em dois lugares ao mesmo tempo), ressurreição de mortos, restituição de um pé decepado, anular os efeitos de um veneno com que tentaram matá-lo e conversar com o Menino Jesus, que lhe emergiu da Bíblia, literalmente sendo o Verbo feito carne na presença de Seu filho tão querido (por isso, a representação popular de Santo Antônio segurando o Deus Menino em seu colo, em cima da Bíblia). Tudo isso porque a fé de Santo Antônio e seu amor a Nosso Senhor não tinham limites.

13 de junho: Dia de Santo Antônio - A Crítica de Campo Grande Mobile
Consagrada imagem de Santo Antônio com o Menino Jesus emergindo da Bíblia

Sempre trabalhando muito além de seus limites e mortificando-se por amor a Nosso Senhor, Santo Antônio, mais ligado ao outro mundo que a este, foi  adoecendo muito jovem. Com seu estado de saúde já bastante precário aos 36 anos, veio a falecer em Pádua, em 13 de junho de 1231. Logo que faleceu, os meninos da cidade saíram a espalhar que o Santo de Pádua havia morrido. Naquela mesma hora, a 2361 quilômetros dali, em Lisboa, os sinos das igrejas começaram a tocar sozinhos. Só algum tempo depois foi que em Portugal se soube de sua morte.

Santo Antônio continuou a operar milagres, e muitos. Foram tantos, que, onze meses após sua morte, foi beatificado. Quando seu corpo foi exumado, sua língua permanecia intacta. São Boaventura, que estava presente na ocasião, testemunhou que aquela era uma prova de que suas pregações eram inspiradas por Deus – sua língua está exposta até hoje na Basílica de Santo Antônio, em Pádua. Em 1232, foi canonizado pelo Papa Gregório IX, no processo de canonização mais rápido da história. Em 1934, foi declarado Padroeiro de Portugal por Pio XI. Em 1946, o Venerável Pio XII proclamou-o Doutor da Igreja.

Imagens de Basílica de Santo Antônio de Pádua: veja fotos e imagens de  Basílica de Santo Antônio de Pádua
Interior da Basílica de Santo Antônio, em Pádua, onde está preservada a língua do Santo

Modelo de pregador do Evangelho e reformador dos costumes, Santo Antônio é, junto com São Pedro e São João Batista, um dos três grandes santos juninos, e um dos santos mais populares do Brasil.

Santo Antônio de Pádua e de Lisboa, rogai por nós!

 

O Verbo se faz carne a Santo Antônio

 

O Santo Verbo com extremo amor

o apaixonado Frei Antônio lia,

e tanta era a paixão com que sorvia

cada palavra, que Nosso Senhor

 

do Livro Santo ao colo lhe pulou.

O frei devoto, assaz maravilhado,

ninando o Deus Menino ali Encarnado,

de lágrimas o chão abarrotou.

 

Quando acordou, sentia na lembrança

um perfume, que o Livro ali exalava,

e falou: “Este é cheiro da Criança

 

que há pouco no meu peito eu estreitava,

o Verbo que encarnou-se a mim Neném!

Louvado seja Jesus Cristo! Amém!”


 

 

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