DOSE DE FÉ | Agostinho Zhao Rong e Companheiros

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Santo Agostinho Zhao Rong encabeça uma lista de 120 mártires escolhidos para representar as incontáveis vítimas da perseguição anticristã na China desde o século XVII

Hoje a Santa Igreja homenageia Agostinho Zhao Rong e 119 Companheiros, mártires, data que também pode ser lembrada como 120 Mártires da China.

Esse 120 mártires não morreram todos ao mesmo tempo, sequer na mesma época, e superam em muito este número. São contados de 1648 a 1930. Na verdade, para entender a celebração de hoje, é necessário voltar alguns séculos no tempo.

Os primeiros cristãos pisaram no território chinês ainda no século V, sem que fossem feitos grande avanços no processo de evangelização. Entre 1294 e 1305, quando a China era governada pela Dinastia Yuan, o missionário franciscano italiano João de Montecorvino, que construiu na região de Pequim duas igrejas (uma em frente ao palácio imperial), conseguiu muitas conversões. No entanto, essa iniciativa também não frutificou.

No século XVI, depois que Gregório XIII erigiu a diocese de Macau (possessão portuguesa na China) em 1576, a ação missionária naquele país passou a ser realmente efetiva. Aquela diocese tinha jurisdição eclesiástica sobre toda a China e o Japão. Foi a partir dela que, em 1582, o missionário jesuíta Mateo Ricci começou a ação evangelizadora, que frutificou para além de sua morte em 1610.

A partir da 1644, no entanto, com o fim da Dinastia Ming (em vigor desde 1368) e a invasão dos manchus, que inauguraram a Dinastia Qing, os católicos passaram a ser perseguidos. Em 15 de janeiro de 1648, quando os manchus invadiram a província de Fujian, torturaram e decapitaram o missionário dominicano São Francisco Fernández de Capillas, protomártir da China.

Os manchus acabaram tornando-se tolerantes com os cristãos, mas no século XVIII as perseguições retornaram, primeiro com exílios e, depois, com execuções, que passaram a acontecer a partir de 1796. Muitos religiosos e leigos foram martirizados, incluindo o missionário São João Gabriel Taurin Dufresse, das Missões Exteriores de Paris, decapitado em 1815.

Foi São João Gabriel Taurin Dufresse quem batizou o soldado Zhao Rong, que, levando o missionário francês para sua execução, impressionou-se com a serenidade e a coragem do mártir na defesa de sua fé. Batizado, Zhao foi enviado ao seminário, onde foi ordenado sacerdote diocesano, assumindo o nome de Agostinho, em homenagem ao santo de Hipona. Assim como seu pai espiritual São Joao Gabriel, Santo Agostinho Zhao Rong, ainda em 1815, foi torturado e decapitado.

As perseguições anticristãs na China continuaram pelas décadas afora. O último grande massacre de que se tem registro data de 1930. Os 120 nomes escolhidos representam todos os que foram assassinados por sua fé naquele país entre os séculos XVII e XX. Agostinho Zhao Rong encabeça a lista (veja todos os nomes aqui) desses santos oficialmente canonizados por São João Paulo II em 1º de outubro de 2000, no contexto do Grande Jubileu.  

É importante assinalar que o genocídio anticristão na China não cessou em 1930, e é muito provável que o número de mártires a partir da revolução comunista de 1949 supere astronomicamente os dos séculos anteriores. Infelizmente, devido à implacável censura do Partido Comunista Chinês, esses números muito provavelmente jamais sejam de fato conhecidos em nossa história temporal. Rezemos por cada um desses mártires, hoje especialmente invocando a Mãe de Deus, Seu Castíssimo Esposo e aquele que representa todos os mártires da China:

Nossa Senhora da China, rogai por nós e pela China, e livrai-nos do comunismo!

Glorioso São José, rogai por nós e pela China, e livrai-nos do comunismo!

Santo Agostinho Zhao Rong e Companheiros, rogai por nós e pela China, e livrai-nos do comunismo!

 

Aos Santos Mártires da China

 

Os cento e vinte mártires da China

são muitos mais, são incontáveis tantos,

cruelmente perseguidos, e que santos,

com amor abraçaram sua sina.

 

No século da atroz Revolução,

talvez que sejam aos milhões contados,

sob as purpúreas botas esmagados,

no mais cruel regime anticristão

 

que ainda hoje envia à Eterna Cruz

um sem-número de almas todo dia,

e magoada faz chorar Maria,

e pesaroso faz chorar Jesus.

 

Ó heroicos santos mártires chineses,

não sei se sois milhares ou milhões,

e espero que não vos torneis bilhões,

e que não vos multipliqueis mais vezes.

 

Agostinho Zhao Rong e Companheiros,

a vós suplico: contra o rubro algoz

intercedei junto ao Senhor por nós,

e fazei-vos salvíficos guerreiros!


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3 COMENTÁRIOS

    • Olá, Fábio, tudo bem? Sim, sabemos. Eles se incluem entre os Companheiros. Foi uma das imagens mais bonitas que achei, pois ilustra bem a multidão de mártires. Obrigado por acompanhar a Dose de Fé!

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