Morreu a tia Diva. A coluna demorou a sair hoje por isso. Essas despedidas são difíceis.
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Agora, quem é a tia Diva? Irmã da mãe ou do pai? Nada disso. Para verdes como família é tema complexo, a tia Diva não tinha relação sangüínea com a gente; porém, ainda assim é tia minha. Ainda assim, ela também foi mãe e avó.
Tia Diva viveu sendo uma das mães de uma prima minha [aliás, dela e também do marido dela]. Essa prima, a Laís, que é minha madrinha, é como uma irmã mais velha para mim – que sou primogênito. Confuso? Muito. Tentarei explicar, mas só deve aumentar a confusão.
Laís e eu temos apenas 9 anos de diferença. Os pais e o irmão da Laís morreram num acidente automobilístico poucos anos antes de eu nascer. A mãe dela era irmã do meu pai. Ela acabou sendo criada pelos nossos avós e pela tia Diva, que era quem já tomava conta dela.
A Laís também adotou os meus pais para ocuparem o espaço deixado pelos pais dela. Quando nasci, a Laís (com 9 anos), virou minha madrinha. Foi assim que, apesar de ser primeiro filho, já vim ao mundo com uma irmã – que, por sua vez, era filha da tia Diva. Pode parecer confuso, e é, mas para nós foi algo natural.
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Eu ainda não perdi meus pais (graças a Deus), mas tenho uma “tia Diva” – a Ieda. A Dada, como é conhecida, era a “segunda-em-comando” lá em casa; foi uma segunda mãe para os meus irmãos e para mim.
Feita uma m… qualquer, se tínhamos que encarar a mãe, era duro; mas se encarava. Agora, quando era com a Ieda… Só tenho a agradecer por tudo o que ela fez por nós. Aliás, até hoje ligo para ela no aniversário e no Dia das Mães. Afinal, ela é para nós o que a tia Diva foi para a Laís. Então, entendo perfeitamente o sentimento da dinda, do marido dela, e dos filhos deles – meus afilhados (que perderam uma vó).
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Uma diferença é que a tia Diva morou no mesmo lar com eles até o fim. Há 16 anos, a tia Diva estava muito mal de saúde. Aí, a Laís engravidou do primeiro filho. Para a tia Diva, isso foi como se relógio biológico tivesse passado a correr para trás. A cada reencontro nosso, ela estava mais moça; mais saudável. Ela fez questão de ver os guris, os netos dela, crescerem. Agora que um tem 16, e o outro, 14, parece ter sido suficiente.
Tia Diva se foi, mas feliz – e amada até o último suspiro por nós, seus familiares. Foi velada e enterrada hoje, 20/8/2024, em Uruguaiana/RS.
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Descansa em paz, tia. Ainda nos reencontraremos.