Entre os destaques, estudo inédito sobre René Guénon e um clássico de São Francisco de Sales
Será René Guénon o demônio ou o santo pintado por tantos dos seus detratores e admiradores que jamais leram uma linha do que ele escreveu? O primeiro destaque desta Muralha traz a você um estudo que pode te servir como introdução ao pensamento de Guénon e dirimir muito da mitificação em torno dele. Também entre os destaques, uma das obras que contribuíram para alçar São Francisco de Sales ao seleto rol dos Doutores da Igreja. Ainda: Maria Montessori, Coelho Neto e São John Henry Newman entre os lançamentos da semana. Nas pré-vendas, um muito bem elaborado dicionário sobre o conservadorismo, e um ensaio fotográfico do Professor Olavo de Carvalho produzido por Josias Teófilo.
Confira as novidades da semana a seguir!
Destaques
O primeiro destaque da semana vai para um lançamento da Editora Danúbio, René Guénon revelado: vida e pensamento de um enigma do século XX, de Victor Bruno. Nascido no interior da França e refugiado em um subúrbio no Cairo, Guénon, intelectual bastante discreto, transformou-se numa das vozes mais influentes dos estudos religiosos em todo o mundo, capaz de influenciar pesquisadores, artistas, políticos, chegando até mesmo aos corredores do poder da Casa Branca. Nesta obra, Victor Bruno dissuade alguns dos pontos mais intrigantes da vida e da obra de René Guénon, pondo termo a alguns dos aspectos mais amedrontadores da obra do pensador francês ao público brasileiro, e procura responder algumas questões inquietantes sobre o autor, como: Guénon é um autor islamizante? Quais as relações entre Guénon e a Igreja Católica? Guénon é um pensador maçônico? Por que Guénon virou muçulmano?
O livro ainda traz três textos inéditos de René Guénon em língua portuguesa, traduzidos e comentados por Victor Bruno.
Confira abaixo um trecho do prefácio do livro, escrito pelo professor Ranieri Ribas:
“Como sabemos, o nome de René Guénon tornou-se conhecido no cenário intelectual brasileiro por ser a mais confessa referência espiritual do filósofo Olavo de Carvalho. Em consequência dessa recepção, protagonizada pelo mais despiciendo inimigo da esquerda acadêmica e cultural tupiniquim, a obra de Guénon tornou-se a um só tempo objeto de desprezo e de veneração. De um lado, as teses antimodernistas guénonianas passaram a ser reverenciadas por diversos agitadores e youtubers da nova direita nacional, anda que os livros do autor raramente tenham sido lidos por esses apologetas; de outro, o nome de Guénon passou a ser reconhecido pela censura civil universitária esquerdista como um daqueles autores seminais e perigosos que devem ser defenestrados das bibliografias que compõem as disciplinas acadêmicas dos cursos de humanas. Assim, em nossas plagas, a guénoniana jamais foi objeto de controvérsias hermenêuticas porque o veredicto sobre tais escritos fora dado de antemão por ambos os lados do espectro político. À direita, desenhou-se a imagem de um “conservador” (o que é falso), mas também de um traidor da causa cristã-católica, tendo em vista que Guénon foi acusado por Olavo do oculto processo de islamização da Europa Central; à esquerda, um inventário de acusações e estigmas foram lançados quase como “ataques psíquicos”: fascista espiritual, crítico intransigente do progresso moral e material do mundo moderno, tradicionalista anacrônico, apocalíptico do Kali Yuga, obscurantista reacionário.
O livro que o leitor de língua portuguesa tem em mãos agora […] oferece não apenas um retrato biográfico apaixonante da figura de Guénon, como também uma interpretação crítica dos principais problemas esotéricos e exotéricos enfrentados por esse sábio senhor.”
O segundo destaque é um lançamento da Ecclesiae, Tratado do amor de Deus, de São Francisco de Sales. Neste clássico do século XVII, o grande Bispo de Genebra, místico e Doutor da Igreja, fundamentado em escritos de outros santos e teólogos, propõe uma reflexão sobre o amor de Deus, e busca apresentar de forma simples, sem arte nem artifícios, o amor divino, de forma a auxiliar a alma já devota a aperfeiçoar-se neste amor.
Confira abaixo um trecho do prefácio escrito por Dom Mackey (1846 – 1906), grande intérprete da obra de São Francisco de Sales:
“O Tratado do amor de Deus é a revelação completa do espírito e do coração de São Francisco de Sales, no apogeu de sua genialidade e santidade. Ainda que, em si, a Introdução à vida devota seja uma verdadeira obra-prima, ela não passa, se comparada à presente obra, de uma radiosa aurora face ao sol do meio-dia.
Lá, o autor estava a se dirigir a todos os cristãos de boa vontade. Aqui, ele visa as almas especialmente eleitas, capazes de alçar vôo rumo à contemplação dos mistérios inefáveis da caridade de Deus por sua criatura. Esse doutor da Igreja parece investido da missão de anunciar aos gentios as riquezas incompreensíveis de Cristo, de ensinar aquele amor de Cristo que excede. Após ter mostrado como a caridade mergulha suas raízes nas profundezas da natureza e da graça, ele dela explica os desenvolvimentos, indica os principais exercícios e, de ascensão em ascensão, eleva-se até aquela perfeição do amor divino que consiste na união da alma com seu Princípio, união iniciada cá embaixo por meio da oração, consumando-se no Céu, nos esplendores da visão beatífica.
A preparação desse incomparável livro foi obra de predileção de nosso santo, tema de meditações de toda a sua vida, a “bela esmeralda” sobre a qual repousavam seus olhos em meio aos labores do apostolado. Resumo de estudos eruditíssimos e fruto de uma longa experiência, este Tratado é a história íntima da alma de São Francisco de Sales, uma das mais admiráveis criações da onipotência e bondade divinas. O ‘doutor da devoção’ aqui se revela como o doutor do amor divino, e desenvolve os princípios mais elevados do ascetismo, ao mesmo tempo em que lança luzes surpreendentes sobre as concepções as mais abstratas da teologia mística”.
Outros lançamentos
Pela Kírion, O desenvolvimento criativo da criança, de Maria Montessori. O movimento montessoriano está ligado à Índia desde o princípio, visto que, já no primeiro curso internacional ministrado por Maria Montessori, em 1913 em Roma, havia indianos entre os alunos. Em 1939, sua própria fundadora transferiu-se para lá, acompanhada pelo filho Mário. Ela viajou bastante pela Índia nos dez anos que se seguiram, trabalhando com crianças de áreas urbanas e rurais, e ali colocou em prática muitas de suas teorias e desenvolveu vários de seus materiais, adaptando tudo à vida prática e às condições locais, de tal modo que a permanência na Índia lhe permitiu estender sua abordagem para crianças desde o nascimento até os três anos, e também entre os seis e os doze anos de idade. Lecionava em italiano, e Mário, sempre atento ao seu lado, traduzia simultaneamente a sua fala para o inglês, e quando lhe faltava a palavra, a própria Doutora fornecia-lhe uma expressão adequada. Foi sobre um conjunto de provas manuscritas dessas primeiras palestras que a Doutora Montessori proferiu em Madras, na Índia, que Rukmini Ramachandran realizou um louvável trabalho na edição, compondo este volume a que o leitor brasileiro tem acesso agora pela primeira vez, e que preenche uma importante lacuna para todos os estudiosos e interessados na pedagogia montessoriana.
Pela Edições Veritatis Splendor, Apologia pro Vita Sua, de São John Henry Newman. A obra surgiu de uma disputa teológica entre Newman e Charles Kingsley (1819 – 1875), clérigo da Igreja da Inglaterra. Em 1864, Kingsley publicou o panfleto, “Whether Dr. Newman teaches truth is no virtue?”, e em seguida o opúsculo “What then does Dr. Newman mean?”. Nos dois escritos Kingsley acusava Newman de ter negado que a verdade fosse uma virtude por si mesma, dizia que o Padre Newman teria sido um embusteiro durante seus anos como padre anglicano, e, por fim, atacava o sacerdócio e o catolicismo.
Na época dessa controvérsia, Newman estava um pouco esquecido e não era mais o requisitado teólogo do início do Oxford Movement. Desde de 1845, quando se converteu à Igreja Católica, Newman estava mais recluso em razão dos seus deveres sacerdotais. Porém, os escritos de Kingsley reacendem a chama de Newman para escrita e polêmica.
Pela Chafariz, a reedição do clássico Turbilhão, de Coelho Neto. Este romance constitui um interessante painel das classes pobres cariocas no início do século XX. Foi publicado em 1906 e, segundo o professor Rodrigo Gurgel, “é um dos vários romances que poderiam ser escolhidos para apresentar os méritos de Coelho Neto.”
Pela Texugo, Tá na mesa!, de Felipe Denardi. Neste quinto volume da coleção O nome das coisas, destinada aos pequeninos que estão aprendendo a falar, e também aos que estão aprendendo a ler, as crianças entram em contato com as palavras relativas a todas as coisas que circundam o ambiente das refeições em casa. A coleção é indicada para leitura compartilhada com crianças a partir de 1 ano, e individual para crianças a partir dos 3 anos.
Pré-vendas
Pela É Realizações, O Dicionário do Conservadorismo, de Christophe Boutin, Olivier Dard e Frédéric Rouvillois. Com mais de duzentos verbetes, escritos por mais de uma centena de autores – entre pensadores consagrados, pesquisadores acadêmicos, operadores da política e intelectuais ativistas –, o livro contempla todos os elementos definidores dessa tradição de pensamento: as personagens precursoras, os valores e conceitos, os estadistas e teóricos, os desafios, as subdivisões, o entendimento sobre as instituições, a visão sobre tais ou tais eventos históricos. No conjunto, o volume faz um retrato preciso da tradição conservadora, sem ocultar suas particularidades locais, seus recentes desdobramentos e as tensões, enfim, que a tornam rica.
O livro está com desconto de 20% na pré-venda, que vai até 30 de junho.
Por fim, pela Vide Editorial, uma pré-venda pra lá de especial: Olavo de Carvalho: o filósofo e sua circunstância, de Josias Teófilo, aclamado diretor do documentário O jardim das Aflições. Trata-se de um extenso e muito bem elaborado ensaio fotográfico, pensado para contribuir não só com a preservação da memória do filósofo, mas também com a ilustração do seu pensamento, do modo como ele viveu e amou as suas circunstâncias. As fotos foram feitas entre 2015 e 2021, com filme cromo e digital.
Confira abaixo algumas considerações do próprio Josias sobre a obra:
“Ao longo de toda a minha vida, nunca tive a impressão de que os mortos estivessem ausentes. Eles não estão fisicamente presentes, mas… eu sempre penso assim: depois que um sujeito morreu, ele não deixou de ser o que ele era; ele é aquele mesmo, continua sendo e será eternamente.
Mas o que aconteceu não ‘desacontece’. A morte na verdade só potencializa o seu legado. Agora já não é possível prendê-lo, calá-lo, destruir seus meios de sustento. Suas obras podem ser lidas e relidas quantas vezes se quiser; seus cursos podem ser vistos e revistos, e assim Olavo de Carvalho estará sempre conosco.”
A pré-venda acontece até dia 22 de junho, quando começam os envios. O desconto neste período é de 15%.