MURALHA DE LIVROS | A formação do imaginário

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Uma obra sobre a formação do imaginário é o destaque desta edição da Muralha, junto com um rico estudo sobre os escritos dos três primeiros séculos da Igreja.

Também, uma obra em que se aponta um caminho para a renovação e fortalecimento da Igreja Católica em crise, um livro que revela como as tecnologias emergentes vêm sendo usadas para criar uma realidade totalitária, e duas obras que misturam fantasia, aventura e humor.

Confira os lançamentos a seguir, e um excelente final de semana!


Destaques

O grande destaque da semana é um lançamento da Sétimo Selo: A formação do imaginário.

O volume é uma coletânea instigante de ensaios e artigos que exploram o papel central da imaginação na formação do ser humano e no entendimento do mundo ao seu redor. A obra reúne reflexões de autores de destaque, como Francisco Escorsim (, Lorena Miranda Cutlak, Roberto Mallet e Ronald Robson, acompanhados de dois ensaios do renomado Olavo de Carvalho.

Em uma abordagem multifacetada, os autores discutem a imaginação como uma faculdade que não só organiza nossas percepções, mas também nos permite transcender os limites do cotidiano e ampliar nossa compreensão da realidade.

Essa obra traz um convite para que cada leitor possa entender melhor como a formação do imaginário impacta a percepção, a memória e até mesmo o modo como vivemos e compreendemos o real.

Outro destaque é um lançamento da E.D.A.: Escritos dos Santos Padres, de Ricardo Vélez Rodrigues.

livro recolhe as pesquisas realizadas sobre os Escritos dos Santos Padres, ao ensejo dos estudos feitos por mim no Seminário Conciliar de Bogotá, entre 1965 e 1968, no Curso de Teologia, sob a orientação do Pe. Alfred Morin (1926-2017).

Os escritos dos Santos Padres recolhem a tradição das primeiras comunidades cristãs, que rapidamente se disseminaram ao longo do Império Romano nos três primeiros séculos da nossa era. Os idiomas em que foram vertidas as primeiras obras que davam conta da vida dessas comunidades eram o grego, o latim e o ciríaco. Nessas obras, sobressai-se a cálida transmissão da experiência da vida cristã no seio dessas comunidades.

O Cristianismo é apresentado, por muitos pregadores dos primeiros séculos impregnados de helenismo, como uma “filosofia” de vida, muito diferente das filosofias em voga, como o epicurismo ou o estoicismo, justamente na medida em que promete uma renovação existencial completa, que se perpetua na Eternidade.

O livro do professor Vélez Rodrigues apresenta uma primeira parte, em que se abordam os Santos Padres dos dois primeiros séculos cristãos, os Santos Padre Latinos e os Santos Padre Gregos. NA segunda parte, desenvolve-se uma síntese do que poderia ser chamado de Introdução à Literatura Bíblica, ou seja, os escritos sagrados da tradição judaico-cristã.

Confira a seguir um trecho do capítulo “As línguas da Bíblia”, em que o autor disserta sobre o hebraico:

“Foi escrita em hebraico a maior parta do Antigo Testamento, com exceção de alguns escritos em aramaico ou em grego […]. A Bíblia hebraica conservou-se íntegra graças à veneração e ao cuidado dos escribas e dos mestres judeus. Assim, entre os séculos 7º e 9º da nossa era, alguns autores judeus, conhecidos com o nome de Masoretas, fixaram o texto da Bíblia hebraica escrita, ao qual adicionaram uma séria de notas marginais ou masoras. O texto dos Masoretas, unido a outros textos antigos, permitiram-nos conhecer a Bíblia hebraica sem nenhuma corrupção.”

Outros lançamentos

E se o assunto é a Santa Igreja, a Ecclesiae lançou esta semana Por uma Igreja em subida: a espiritualidade como resposta para a crise na Igreja, do Frei Clodóvis Boff.

Neste livro, o bom Frei Boff aprofunda sua análise da realidade eclesial, apontando um caminho para a renovação e fortalecimento da Igreja Católica. O autor enfatiza que a resposta à crise que a Igreja enfrenta atualmente não pode ser outra senão uma espiritualidade enraizada e amadurecida.

Como Pe. Leandro Rasera sugere na apresentação, se queremos uma “Igreja em saída”, como proposto pelo Papa Francisco, precisamos, antes, de uma Igreja voltada ao transcendente — uma “Igreja em subida”, que eleva os corações e cultiva um profundo enraizamento espiritual. Frei Clodovis escreve com a convicção de que a fé robusta e o compromisso espiritual autêntico são a base de uma Igreja viva, capaz de irradiar paz, fraternidade, justiça, e esperança para o mundo.

Inspirada pela esperança que não decepciona, como proclamado pelo Papa Francisco para o jubileu que se aproxima, esta obra reforça que a tempestade da crise eclesial não pode prevalecer contra uma Igreja ancorada na graça divina.

Pela Vide, A jogada final: tecnologia e política na era da desinformação, de Daniel Lopez.

Nesta obra, Lopez examina o cenário atual de uma guerra não convencional, onde a manipulação da narrativa se torna mais poderosa do que exércitos, e a inteligência artificial, ao mesmo tempo que é uma ferramenta de progresso, pode se tornar o trunfo mais sombrio de potências globais e ideologias totalitárias.

O autor alerta sobre como as tecnologias emergentes vêm sendo usadas para criar um “admirável mundo novo”, onde a verdade é cada vez mais distorcida e obscurecida. Com uma escrita clara e investigativa, ele apresenta uma reflexão sobre o poder dos dados e a crescente complexidade da desinformação, ajudando o leitor a identificar caminhos mais firmes em meio a esse labirinto de manipulação. Mais do que um livro, “A jogada final” é um convite a despertar para os riscos e desafios do nosso tempo. Uma leitura fundamental para quem busca compreender como se proteger das armadilhas da desinformação e manter-se atento aos jogos de poder por trás das manchetes.

Por fim, dois interessantes lançamentos da UBIQ!: Os fantasmas de Puphantus e O grande assalto, ambos de Bem Schaffer.

Ambos os livros são histórias do Reino da Puphantia, um mundo que une Dungeons and Dragons, H.P. Lovecraft, Terry Pratchett e Douglas Adams — com uma pitada do escrachado humor brasileiro. No primeiro volume, após ter sua mansão completamente destruída, Lorde Puphantus se vê forçado a morar em sua antiga casa de verão. No entanto, não contava com um fator: que alguns fantasmas, já acostumados com a vida boa, rejeitariam sua presença por lá. Enquanto isso, uma velha feiticeira safada precisa ajudar um pobre anão, que flagrou sua mulher em amores com um elfo, e descobre que essa galha esconde mais segredos do que parece…

Já em O grande assalto, deparamo-nos com um meio-elfo que trabalha como gari em um campo de batalha, dois diabretes que possuem uma máquina do tempo, um Lorde topetudo que guarda em seu castelo um grande tesouro,  uma Lady que possui fama de promíscua, e um plano para um grande assalto que tem tudo para dar errado.

Nesta história fantástica, tão divertida quanto uma aventura de D&D e tão absurda quanto um livro de Douglas Adams, você irá embarcar em uma jornada maluca em que o imprevisível, a fantasia e o humor andam lado a lado.


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