LEIA NESTA EDIÇÃO丨12

Bruna Torlay
Bruna Torlay
Estudiosa de filosofia e escritora, frequenta menos o noticiário que as obras de Platão.

Em 1822, é declarada a independência do Brasil. Diante deste marco histórico, pergunto: o que faz com que o Brasil daquela época seja a mesma nação que a de hoje? Por isto, a edição de setembro explora os nexos entre Independência e Identidade nacional. Afinal, quem somos nós? Que aspectos nos ligam à época da independência? Que diferenças suscitam dúvidas sobre a integridade do país que nomeamos “Brasil”? Será legítimo, ou até mesmo possível, definir um conjunto de indivíduos agregados sob as fronteiras de um determinado território como “povo”? É possível haver política, uma vez diluída a sensação humana de pertencimento a um território e a uma cultura? De que formas se definem as identidades nacionais? Quais são os traços elementares da nossa identidade?

Esta foi a pergunta que lancei aos colaboradores da Revista Esmeril no início do mês. As réplicas foram várias e, algumas, divergentes.

Claudio Dirani traçou em Perfil o retrato pessoal e político de Luiz Philippe de Orléans e Bragança, a partir de uma entrevista que o príncipe-deputado federal concedeu-lhe em seu gabinete locado em São Paulo. Memórias de infância e confissões de juventude se confundem nesta matéria em capítulos, permeada de anedotas imperdíveis.

Na coluna CrossRoads, talvez inspirado pelas histórias que ouviu por lá, saiu em busca de artefatos raros, habilidades e dados pouco conhecidos do Brasil imperial.

O cientista Paulo Moura se pergunta qual é a cara da nação brasileira em Problemas Nacionais.

Para provar a sua conclusão, Ordem do Dia apresenta uma entrevista com o produtor rural, professor e empreendedor educacional José Guilherme Lança Rodrigues, um brasileiro da nova era que considera o agronegócio a própria “identidade econômica” do Brasil.

E já que a agricultura está tanto na alma do brasileiro, como nas linhas e entrelinhas da formação histórico-econômica do Brasil, Política e Sociedade aborda, por meio de uma entrevista com o pesquisador Fábio Costa, o salto do agro brasileiro no século XX.

Lobo, um colunista velho de guerra, mas novo por aqui, revive em Palco as melhores tiradas de Nelson Rodrigues, símbolo do direitismo brasileiro, para escorchar a essência do comuna sincero. E para que o velho e genial dramaturgo não ficasse sem a companhia da outra pedra-no-sapato da intelectualidade esquerdista, Roberto Lacerda honra o legado de Gilberto Freyre na seção Patrimônio e Memória.

Falando em patrimônio e em memória, Paulo Sanchotene recolhe as suas para refletir sobre a alma do futebol e seus nexos com a política, sempre Na Marca da Cal.

Ensaio suscita a antipática dúvida sobre o quanto somos patriotas, e se a tradição política brasileira deixou ao povo espaço para cultivar tal sentimento, entre tantos reveses. Já em Viver Bem, o leitor descobrirá que a desnutrição em larga escala que estampava as manchetes antigamente não foi realmente vencida, com a aparente melhora dos níveis de renda do povo brasileiro. Para compensar a confissão dessa desgraça, traz também uma receita perfeita para provar que a culinária brasileira é feita de fusão, como o povo.

Falando em miscigenação, E o povo com isso? revela o que seria do Brasil e do brasileiro sem… sexo e carnaval. Nada. Mas calma! O autor jura se tratar de um ensaio em filosofia política.

A Beleza Importa tanto que Diogo Cruxen resolveu demonstrar quão pouco independente foi o espírito dos modernistas da Semana de 22, em comparação com o auge artístico da cultura brasileira. Já Larissa Castelo Branco aprofunda os nexos entre identidade literária e tradução com base no legado de Machado de Assis, ao tentar responder ao tema na seção A alta cultura está morta?

Por fim, Turismo e História estimula cada leitor a planejar um passeio pelos santuários históricos que abrigam o rastro da monarquia brasileira. Sim, claro que é a homenagem da Esmeril ao distorcido Sete de Setembro, dia que marca o início do tempo que nos trouxe até aqui.

Desejamos a todos uma agradável leitura. E nunca esqueçam de ser livres o bastante ao nos bater nos comentários. O STF não é aqui. Divirtam-se e até a próxima edição.

1 COMENTÁRIO

  1. Olá Bruna. Muito bom dia. Como sempre venho esperando com bastante ansiedade as publicações mensais da revista Esmeril. Toda essa informação cultural me fascina muito e me ajuda a alimentar meu vício nas fotografias amadoras. A exemplo de Itapira que está marcado como um dos meus destinos após a entrevista com Eric Apolinário (terminei comprando o livro também)…

    Parabéns a vocês pelo ótimo trabalho!!

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