HOJE NA HISTÓRIA | Metrô de Londres

Vitor Marcolin
Vitor Marcolin
Ganhador do Prêmio de Incentivo à Publicação Literária -- Antologia 200 Anos de Independência (2022). Nesta coluna, caro leitor, você encontrará contos, crônicas, resenhas e ensaios sobre as minhas leituras da vida e de alguns livros. Escrevo sobre literatura, crítica literária, história e filosofia. Decidi, a fim de me diferenciar das outras colunas que pululam pelos rincões da Internet, ser sincero a ponto de escrever com o coração na mão. Acredito que a responsabilidade do Eu Substancial diante de Deus seja o norte do escritor sincero. Fiz desta realidade uma meta de vida. Convido-o a me acompanhar, sigamos juntos.

Conheça a história da primeira via subterrânea para a Maria-Fumaça

No metrô de São Paulo, sonho antigo dos paulistanos, construído durante o regime militar, é comum observar os passantes entregarem-se ao vício da pressa. É praticamente impossível, mesmo para aqueles em dia de folga, caminhar com tranquilidade, demonstrando que não estão sob os imperativos dos horários marcados. A construção em sua totalidade, desde as escadas rolantes, as plataformas, as placas, as portas, as privadas dos banheiros, os trilhos, os assentos, as cestas de lixo para recicláveis, fora projetada para garantir a manutenção da celeridade, dos movimentos ligeiros e, fatalmente, do mau humor. Diferentemente do Japão, país de uma organização exemplar, onde o desrespeito às mãos e contramãos é passível de punição severa, no Brasil é fácil interromper o fluxo natural dos movimentos, basta não caminhar do lado direito de qualquer via. Daí o mau humor.

Não é difícil imaginar que, em todas as partes do mundo nas quais o metrô é instalado, o projeto cumpre o propósito de atender às demandas dos apressados afetando justamente mais pressa. O vício tem essa natureza de insatisfação: parece que quanto mais rápido caminha-se, menos consciência tem-se da velocidade, da eficiência do deslocamento. O primeiro túnel de metrô da História, construído sob o rio Tâmisa, em Londres, surgiu exatamente para atender a pressa das pessoas que, às raias do século XX, já não tinham paciência para os cocheiros, as ferraduras, os arreios, a sujeira e a incerteza dos cavalos; elas queriam o domínio pleno do seu meio de transporte.

Em 2 de agosto de 1870, inaugurava-se a “The Tower Subway“, um túnel sob o rio Tâmisa nas adjacências da Tower Hill. No ano anterior, um outro túnel, com extensão de 410 metros, fora escavado, valendo-se da tecnologia recentemente desenvolvida, a blindagem de ferro, patenteada por Peter William Barlow, em 1864. Instalaram-se trilhos de trem na extensão do túnel, e com a força motriz de um cabo-reboque um vagão de madeira transportou os primeiros passageiros para o outro lado do rio Tâmisa, via metrô.

Apesar dos esforços da companhia que idealizara o projeto e construíra o túnel, o empreendimento faliu ao final daquele ano. O túnel fora transformado numa passagem subterrânea para os pedestres londrinos que, mediante pagamento de pedágio, garantiam o acesso àquela outra parte da cidade mais rapidamente (ainda que não fosse de metrô). A vigilância sanitária vitoriana alertava sobre a estreiteza da passagem: os pedestres deveriam evitar o uso de botas com saltos e chapéus altos com adornos.

Quando da inauguração da Tower Bridge, em 1894, os pedestres passaram a transitar gratuitamente por sobre a ponte, causando, evidentemente, a falência do túnel. A passagem subterrânea fora fechada para os pedestres quatro anos depois da inauguração da ponte. O primeiro túnel de metrô de Londres fora vendido para a London Hydraulic Power Company, e hoje é utilizado para a distribuição de água. O método de construção de túneis de Peter William Barlow, no entanto, fora empregado na construção de novas e mais eficientes passagens subterrâneas que, em pouco tempo, transformariam para sempre a locomoção urbana. Em 1890, eram escavados os túneis da City & South London Railway, que fora efetivamente a primeira das ferrovias para o metrô de Londres.


Com informações do portal History UOL.

“Quando se consegue alguma coisa que se deseja, é muito bom deixá-la onde está”.

Winston Churchill
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