A entrevista desta semana é com Pedro Pôncio, ex-membro do MST, cooptado ainda na infância pela organização, e autor dos livros A face oculta do MST e O mínimo sobre o MST.
Pedro, graças ao trabalho e à fé, conseguiu libertar-se da lavagem cerebral que sofreu para se tornar um soldado do socialismo, e na entrevista a seguir ele fala um pouco sobre essa sua trajetória.
Revista Esmeril: Fale um pouco sobre sua história com o MST, e por que decidiu abandonar essa organização.
Pedro Pôncio: Entrei no MST ainda criança, aos 11 anos, e permaneci nele por mais de uma década. Lá, sofri passei por toda a doutrinação a que eles submetem seus membros. Meus pais foram cooptados a entrar, por causa de sua extrema pobreza. No Movimento, tínhamos a expectativa de receber nossa terra em dois meses, segundo a promessa que nos fizeram. Mas essa espera perdurou por anos. Na verdade, eles não têm interesse em dar terra ao pobre, pois quanto mais tempo os pobres permanecerem nos acampamentos, mais eles servirão como massa de manobra para instrumentalização política, sendo usados em ações de vandalismo e terrorismo planejados pelas lideranças.
Nesse movimento, passei por um processo de lavagem cerebral par ame tornar um verdadeiro soldado socialista. Ainda pequeno, por exemplo, eu participei dos encontros dos Sem Terrinha, que é onde acontece a maior parte da doutrinação por meio cultural. Essa lavagem cerebral foi responsável por fazer o adolescente Oziel Alves Pereira dar sua vida em sacrifício, em Eldorado dos Carajás – o que costumam chamar de “Massacre de Eldorado dos Carajás” foi, na verdade, um confronto entre a polícia e militantes do movimento, e que resultou na morte de 21 pessoas, e que foi culpa do MST, dessa lavagem cerebral que transforma pessoas comuns em soldados dispostas a matar e morrer pelo Movimento. Eu mesmo, ainda com 11 anos, já trabalhei na defesa de um acampamento, de facão na mão, e disposto a matar os policiais de fosse preciso.
Saí do Movimento quando estava perto de completar 20 anos de idade, e eu queria trabalhar. E como os assentamentos dos Sem Terra são verdadeiras favelas rurais, sem produtividade e sem prosperidade, fui para uma cidade buscando trabalho e melhores condições de vida. E foi justamente no trabalho que começou minha libertação. Quando comprei minha primeira bicicleta com o fruto do meu esforço, percebi que o socialismo não faz sentido, não há lógica na distribuição utópica de bens. Mas minha libertação completa se deu no seminário teológico, onde vi que as ideologias socialistas são anticristãs.
Revista Esmeril: Você já tem dois livros sobre o MST publicados. O que te motivou a escrevê-los?
Pedro Pôncio: O que me motivou a escrever sobre o MST foi o fato de que verifiquei que não há qualquer material completo sobre a verdadeira origem do Movimento, seus bastidores e suas estratégias de atuação.
Durante esses quarenta anos de MST, muitas pessoas abandonaram o Movimento e tentaram contar a verdade, mas foram ameaçadas de várias maneiras. Eu resolvi não me acovardar e, mesmo sob ameaças de morte de facções criminosas, e de próprio Movimento, e passai a escrever e publicar esses livros sobre a face desconhecida do MST (por isso, um dos livros chama A face oculta do MST).
Revista Esmeril: Fale um pouco sobre seu livro publicado nesta semana, O Mínimo Sobre o MST.
Pedro Pôncio: Ele é um resumo do que está em A face oculta do MST. É um livro curto, que pode ser lido em um único dia, feito para que as pessoas tenham um primeiro contato com os bastidores do MST, e para que fiquem interessadas em saber mais sobre esse assunto.
Revista Esmeril: Você ainda pretende escrever mais materiais a respeito do MST?
Pedro Pôncio: Sim. Mesmo com o sucesso que A face oculta do MST tem feito, sendo usado inclusive por parlamentares em sua luta contra o Movimento, acredito que ele seja apenas uma introdução ao problema. Há espaço e assunto para muito mais material.
E espero que outras pessoas também escrevam sobre essa história oculta do MST, obras acadêmicas, inclusive. Espero também que outras pessoas que deixaram o MST se inspirem no meu exemplo e também passem a escrever e contar suas histórias no Movimento.