DOSE DE FÉ | Francisco Caracciolo

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Cofundador da Ordem dos Clérigos Regulares Menores, São Francisco Caracciolo seguiu o caminho da santidade após ser curado de uma doença incurável

Hoje é dia de São Francisco Caracciolo, sacerdote.

Nascido com o nome de Ascânio, em Vila Santa Maria de Chieti, no reino de Nápoles, em 13 de outubro de 1563, era filho de uma importante família cristã. Por parte de mãe, era parente de São Tomás de Aquino.

Ascânio foi preparado para ingressar nos negócios ou na política. Quando chegou à adolescência, decidiu-se pela carreira militar. No entanto, enquanto se preparava para entrar no exército, desenvolveu uma doença de pele incurável, muito parecida com lepra. Depois de uma série de tratamentos infrutíferos, o jovem fez uma promessa a Deus: se fosse curado, dedicaria sua vida à evangelização. Deus o escutou e atendeu, e pouco depois Ascânio estava completamente curado. Por esse motivo, ele é invocado como protetor contra as doenças de pele.

Com 22 anos, o jovem foi cumprir sua promessa em Nápoles, onde cursou Teologia. Assim que se formou, foi ordenado sacerdote e começou seu trabalho de evangelização junto aos Padres Brancos da Justiça, que se dedicavam aos pobres, aos doentes e aos presidiários.

Pouco tempo depois, deu-se o fato que iria mudar sua vida. Na Congregação havia um padre com o mesmo nome que o seu, Ascânio Caracciolo, idoso. Por engano, o jovem Ascânio recebeu uma carta enviada ao velho, um convite dos padres Agostinho Adorno e Fabrício Caracciolo, para que colaborasse na fundação da Ordem dos Clérigos Regulares Menores.

Tomado de entusiasmo, Ascânio (o jovem) foi conversar com os dois colegas. Esclarecido o mal entendido, e com a bênção do velho Ascânio, que percebeu a ação de Deus no ocorrido, o jovem e os outros dois padres autores do convite retiraram-se ao Mosteiro dos Camaludenses, onde permaneceram em oração e jejum, e elaboraram a Constituição da nova Ordem, que foi aprovada por Sisto V em julho de 1588.

Os votos da Ordem incluíam pobreza, castidade, obediência e a proibição de aspirar a qualquer dignidade eclesiástica. Nela, Padre Ascânio tomou para si o nome de Francisco, em homenagem ao santo de Assis. A rotina dos Irmãos Adornos, como eram chamados, incluía práticas de severo jejum, penitências e adoração ao Santíssimo Sacramento. A primeira casa da Congregação foi fundada em Nápoles, nos arredores da Igreja da Misericórdia.

Em 1593, Padre Francisco sucedeu Agostinho Adorno, primeiro Superior da Ordem, após a morte deste. Mesmo nessa posição, ele insistia em dividir com os outros irmãos tarefas humildes da casa, como varrer os quartos, lavar a louça e arrumar as camas. Mendigava pelas ruas em favor dos pobres, e doava a eles tudo o que ganhava. Como confessor, revelou os dons da profecia e da leitura dos corações. Sua profunda devoção ao Santíssimo fazia com que permanecesse por horas em adoração, muitas vezes passando várias noites sem dormir. O Papa Paulo V quis fazê-lo Bispo, mas ele recusou todas as vezes.

Sob a proteção dos reis Felipe II e Felipe III, entre 1595 e 1601, fundou casas de sua Ordem em Madri, Valadolid e Alcalá, na Espanha. Nesse meio tempo, também fundou duas casas em Roma.

Em 1601, obteve autorização papal para renunciar ao cargo de Superior Geral, e estabeleceu-se em Roma como prior e mestre de noviços na Igreja de Santa Maria Maior. Continuou seu trabalho no confessionário e no púlpito. Quando ele estava na presença do Santíssimo, seu rosto emitia raios de luz e o altar chegava a empoçar com suas lágrimas.  

Em 1608, mudou-se para Agnone, onde fundaria mais uma casa religiosa, mas acabou falecendo antes. A caminho, em Loreto, enquanto ele passava a noite em oração na Basílica da Santa Casa, ao invocar o nome de Nossa Senhora, teve uma visão do Irmão Agostinho Adorno, que lhe anunciou sua morte próxima. Chegou em Agnone em 1º de junho e adoeceu. Teve tempo apenas de explicar a Regra da Ordem aos novos irmãos. Na vigília de Corpus Christi, no dia 4, enquanto estava em contemplação, gritou “Vamos para o Céu!” e faleceu, aos 44 anos de idade. Foi beatificado por Clemente XIV em 1769, e canonizado por Pio VII em 1807.

São Francisco Caracciolo, rogai por nós!

 

Francisco  Caracciolo vai para ao Céu

 

Diante do Santíssimo se achava

Francisco em amorosa adoração,

e de repente ouviu a voz do Irmão

Adorno, que no Céu já se encontrava.

 

O Irmão vinha cumprir uma promessa

há poucos dias feita, de buscá-lo

e para o Reino do Senhor levá-lo,

e sem mais anunciou-lhe: “A hora é essa!”

 

Sentiu no peito como que um tropel,

e trêmulo e sem fôlego gritou,

já desmaiando, “Vamos para o Céu!”,

 

e de fato foi lá que ele acordou,

na presença d’Aquele a quem sua vida

foi amorosamente oferecida.


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