Também chamado de Natanael nos Evangelhos, São Bartolomeu fundou diversas comunidades cristãs na Índia, onde se concentrou seu apostolado
Hoje é dia de São Bartolomeu, Apóstolo.
Natural de Caná da Galileia, Bartolomeu não tem grande enfoque nas narrativas bíblicas. Seu nome é citado apenas uma vez Evangelho de São João, entre os Doze. No entanto, segundo a tradição, ele é o discípulo que também é chamado de Natanael, citado em outros trechos dos Evangelhos.
A primeira aparição de Bartolomeu nas Sagradas Escrituras denota certa desconfiança e deboche em relação a Jesus. Quando o Apóstolo Filipe lhe diz que havia acabado de encontrar o Messias, e que Ele vinha de Nazaré, aquele responde: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” (Jo 1, 46)
Em seguida, quando Bartolomeu segue Filipe e se encontra pela primeira vez com Nosso Senhor, recebe logo um elogio: “Eis um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade” (Jo 1, 47).
Intrigado, o Apóstolo pergunta a Jesus de onde Ele o conhecia, e o Mestre responde: “Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas debaixo da figueira” (Jo 1, 48). Naquele instante, Bartolomeu reconhece de quem está diante, e diz: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel” (Jo 1, 49). Jesus então lhe profere estas belas palavras: “Porque eu te disse que te vi debaixo da figueira, crês! Verás coisas maiores do que esta.” […] “Em verdade, em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1, 50 – 51).
Bartolomeu segue Jesus em Seus três anos de vida pública. Está junto com os outros discípulos no Cenáculo na ocasião de Sua Ressurreição, e recebe o Espírito Santo em Pentecostes. Diz a Tradição que ele pregou sobretudo na Índia, onde evangelizou, curou possessos, desmascarou os deuses pagãos locais como os demônios que verdadeiramente eram – chegou, inclusive, a obrigar um deles, que por ordem sua havia sido acorrentado por Anjos, a destruir todos ídolos de um templo pagão.
Os prodígios de São Bartolomeu e sua poderosa pregação ocasionaram um sem número de conversões na Índia. De lá, o Apóstolo vagou pelo Oriente até ser martirizado por esfolamento em Albanópolis – hoje Denbrent, na região russa do Daguestão, às margens do mar Cáucaso – por volta do ano 69. Por isso, o Santo é representado segurando a pele de seu corpo em sua mão esquerda e, na mão direita, mostrando uma adaga, instrumento do martírio que ele sofreu.
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Agora, voltemos ao primeiro encontro de São Bartolomeu e Jesus. Nosso Senhor, que já o conhecia antes de encontrá-lo pessoalmente, viu em seu coração a retidão, a justiça, o amor sincero a Deus. Por isso, elogiou-o como o fez. E ao surpreender o Apóstolo com a revelação de algo íntimo, pessoal, confirma que de fato conhecia seu mundo interior. Transpassado por esta Verdade, Bartolomeu não duvidou mais, e passou a segui-Lo. E é isso que Jesus espera também de nós: que o olhar d’Ele sobre nós, deixando-nos desnudados diante da Verdade, convide-nos, à imitação do Apóstolo, a segui-Lo com confiança e fidelidade.
São Bartolomeu, rogai por nós!
O primeiro encontro
Bartolomeu, ouvindo um seu amigo,
que lhe disse: “Chegou de Nazaré
o Messias”, pensou logo consigo
e respondeu sem titubear: “Ah, é?
E pode coisa boa vir dali?”
“Vem comigo pra ver se é ou não é,
e a verdade confirmarás por ti!”,
o amigo retrucou. Foram os dois,
e ao chegarem diante do Rabbi,
exclamou Ele alegre, antes dos “ois”:
“Eis cá um israelita bom e fiel!”
“Donde é que acaso me conheces, pois?”,
confuso perguntou Natanael,
e disse o Mestre: “O vi lá na figueira!”.
“És mesmo o Rei Legítimo de Israel,
é Tua a Majestade verdadeira”,
rendendo-se falou Bartolomeu.
“Porque crestes, verás mais altaneiras
maravilhas”, Jesus lhe respondeu:
“Verás o Céu e toda a Eternidade,
e os Anjos em divino jubileu!”.
E transpassado, enfim, pela Verdade,
Bartolomeu segui-O confiante
pelas ruas poeirentas da cidade
e pela vida ainda mais adiante,
até ele mesmo receber sua Cruz
e revê-Lo no Céu, onde radiante
bradou: “Meu Rei, Meu Pai, Meu Deus! Jesus!”.