DOSE DE FÉ | Bartolomeu

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Também chamado de Natanael nos Evangelhos, São Bartolomeu fundou diversas comunidades cristãs na Índia, onde se concentrou seu apostolado

Hoje é dia de São Bartolomeu, Apóstolo.

Natural de Caná da Galileia, Bartolomeu não tem grande enfoque nas narrativas bíblicas. Seu nome é citado apenas uma vez Evangelho de São João, entre os Doze. No entanto, segundo a tradição, ele é o discípulo que também é chamado de Natanael, citado em outros trechos dos Evangelhos.

A primeira aparição de Bartolomeu nas Sagradas Escrituras denota certa desconfiança e deboche em relação a Jesus. Quando o Apóstolo Filipe lhe diz que havia acabado de encontrar o Messias, e que Ele vinha de Nazaré, aquele responde: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” (Jo 1, 46)

Em seguida, quando Bartolomeu segue Filipe e se encontra pela primeira vez com Nosso Senhor, recebe logo um elogio: “Eis um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade” (Jo 1, 47).

Intrigado, o Apóstolo pergunta a Jesus de onde Ele o conhecia, e o Mestre responde: “Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas debaixo da figueira” (Jo 1, 48). Naquele instante, Bartolomeu reconhece de quem está diante, e diz: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel” (Jo 1, 49). Jesus então lhe profere estas belas palavras: “Porque eu te disse que te vi debaixo da figueira, crês! Verás coisas maiores do que esta.” […] “Em verdade, em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1, 50 – 51).

Bartolomeu segue Jesus em Seus três anos de vida pública. Está junto com os outros discípulos no Cenáculo na ocasião de Sua Ressurreição, e recebe o Espírito Santo em Pentecostes. Diz a Tradição que ele pregou sobretudo na Índia, onde evangelizou, curou possessos, desmascarou os deuses pagãos locais como os demônios que verdadeiramente eram – chegou, inclusive, a obrigar um deles, que por ordem sua havia sido acorrentado por Anjos, a destruir todos ídolos de um templo pagão.

Os prodígios de São Bartolomeu e sua poderosa pregação ocasionaram um sem número de conversões na Índia. De lá, o Apóstolo vagou pelo Oriente até ser martirizado por esfolamento em Albanópolis – hoje Denbrent, na região russa do Daguestão, às margens do mar Cáucaso – por volta do ano 69. Por isso, o Santo é representado segurando a pele de seu corpo em sua mão esquerda e, na mão direita, mostrando uma adaga, instrumento do martírio que ele sofreu. 

Agora, voltemos ao primeiro encontro de São Bartolomeu e Jesus. Nosso Senhor, que já o conhecia antes de encontrá-lo pessoalmente, viu em seu coração a retidão, a justiça, o amor sincero a Deus. Por isso, elogiou-o como o fez. E ao surpreender o Apóstolo com a revelação de algo íntimo, pessoal, confirma que de fato conhecia seu mundo interior. Transpassado por esta Verdade, Bartolomeu não duvidou mais, e passou a segui-Lo. E é isso que Jesus espera também de nós: que o olhar d’Ele sobre nós, deixando-nos desnudados diante da Verdade, convide-nos, à imitação do Apóstolo, a segui-Lo com confiança e fidelidade.

São Bartolomeu, rogai por nós!

 

O primeiro encontro

 

Bartolomeu, ouvindo um seu amigo,

que lhe disse: “Chegou de Nazaré

o Messias”, pensou logo consigo

 

e respondeu sem titubear: “Ah, é?

E pode coisa boa vir dali?”

“Vem comigo pra ver se é ou não é,

 

e a verdade confirmarás por ti!”,

o amigo retrucou. Foram os dois,

e ao chegarem diante do Rabbi,

 

exclamou Ele alegre, antes dos “ois”:

“Eis cá um israelita bom e fiel!”

“Donde é que acaso me conheces, pois?”,

 

confuso perguntou Natanael,

e disse o Mestre: “O vi lá na figueira!”.

“És mesmo o Rei Legítimo de Israel,

 

é Tua a Majestade verdadeira”,

rendendo-se falou Bartolomeu.

“Porque crestes, verás mais altaneiras

 

maravilhas”, Jesus lhe respondeu:

“Verás o Céu e toda a Eternidade,

e os Anjos em divino jubileu!”.

 

E transpassado, enfim, pela Verdade,

Bartolomeu segui-O confiante

pelas ruas poeirentas da cidade

 

e pela vida ainda mais adiante,

até ele mesmo receber sua Cruz

e revê-Lo no Céu, onde radiante

 

bradou: “Meu Rei, Meu Pai, Meu Deus! Jesus!”.


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