No último domingo, um número considerável de pessoas aglomerou-se na Avenida Paulista com a expressa finalidade de insistir em sua existência política, a despeito das dificuldades enfrentadas pela nova direita em todos os aspectos. Não tem partido; é refém de caciques; carece de quadros; excede em oportunistas de quinta categoria, empenhados em subir na vida mediante o método ancestral de usar para isso a cabeça – e as esperanças – dos primeiros desavisados à disposição.
Sem dúvida não é pequena a adversidade que enfrentam os poucos líderes razoáveis, em meio a capangas, sanguessugas e sabotadores. Daí a solidariedade do povo, antipático ao esquerdismo dominante, aos nomes nos quais aposta suas fichas. Seria idiotice associar a adesão massiva conquistada ontem pelos direitistas às “pautas da manifestação”. Pouco importa que pautas proclamem, contanto que façam algum chamado para que esse pessoal sem muita exigência compareça, de modo a mostrar pela densidade física de seu conjunto que fazem parte da população e estão prontos a ir às urnas nas eleições municipais seguintes. Essa é a razão pela qual tanta gente saiu de casa, na tarde de ontem, para ouvir as conversas de sempre, em vez de aproveitar a tarde de domingo no silêncio do lar. Uma espécie de desforra contra o poder organizado da imprensa, classe política e elites patrimonialistas de costume.
Minha primeira impressão, ao constatar o assombroso sucesso da manifestação, ateve-se ao fato notório do embotamento necessário às massas dispostas a formar militância. Na prática, a lógica de embate da nova direita é repetitiva e ineficaz, proclamando-se o mais crucial vetor de mudança. Toda vez manifestações; sempre próximo de disputa eleitoral; costumeiramente com pautas abstrusas sem a menor viabilidade prática. Mas as pessoas acorrem ao chamado das lideranças e obrigam as ruas a reconhecer a realidade de sua presença. Há embotamento em quem dispõem-se a fazer esse papel. Como também um admirável senso de responsabilidade quanto à missão social auto atribuída. Não é por acaso que antigos caciques cobicem com tanta voracidade essa nova militância em vias de consolidação.
Todo indivíduo que gastou a tarde de ontem cobrindo meio metro quadrado da avenida mais famosa de São Paulo, a maior cidade do país, está realmente determinado a exprimir até o fim o seu apoio a certo grupo político, por mais difícil que seja a situação desse grupo no ordenamento burocrático brasileiro. Consequentemente, a relevância da nova direita no cenário político se manifesta de forma inequívoca, a cada vez que o grupo meio inepto, meio desordenado, meio sem recursos – a não ser convocar seguidores por suas redes sociais a ocupar espaço numa avenida reconhecidamente importante – pede à base ajuda para persistir; ou pelo menos mostrar aos adversários, aliados ou aspirantes a acionistas a medida de sua força, em termos de votos.
É verdade que a nova direita entende muito pouco de formação de base. E igualmente verdadeiro que, sem fazer nada, ela já dispõe de um capital de giro expressivo para chegar a algum lugar, se resolver-se a fazer isso algum dia.
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A DIREITA NO BRASIL É UTOPIA.
Belo texto, Bruna! Continue no bom combate de ideias! 👏🏽👏🏽👏🏽
Como sempre tenho lido a Bruna, é necessário um propósito, caso contrário só ficará nisso. Quem será o verdadeiro líder da Direita no Brasil? Espero ter vida para conhecê-lo.
Voto com a relatora.
A DIREITA NO BRASIL É UTOPIA.