Trump impôs duas derrotas diretas ao Foro de São Paulo em poucos dias. Lula reagiu como um anão diplomático mais uma vez. A deportação de imigrantes ilegais dos EUA para seus países de origem, por toda a América Latina, abriu um confronto que muitos duvidavam que acontecesse. Até agora, o vencedor foi Trump.
Após a eleição de Donald Trump ser confirmada, escrevi um artigo aqui sobre o que esperar dessa nova administração. O foco principal era sobre as consequências para o Brasil. Na época, descrevi algumas pistas de como poderia ser, mas enfatizei a necessidade de esperar para ver. Uma coisa, porém, se confirmou, não há notícias de Marines invadindo nossas praias. Mas os aviões militares americanos estão pousando.
A repatriação de imigrantes ilegais nos Estados Unidos explodiu como uma bomba na América Latina. Com a chegada dos primeiros voos, dirigentes dos países que receberam, ou receberiam, esses repatriados entraram no modo ataque. O que ponto em comum foi a reclamação de que estes repatriados vieram algemados, supostamente violando seus direitos humanos. Essa foi a narrativa oficial, na mídia e nos Governos.
Porém, essa narrativa não suportou um dia sequer de análises mais rigorosas. A prática é medida de segurança e sempre foi adotada por outras Administrações americanas. Democratas ou Republicanos seguem essa regra. Foi revelado que o próprio Brasil adota esse procedimento. O discurso permanece, mas já não goza de nenhuma credibilidade.
Mas com a Colômbia foi diferente. O Presidente Gustavo Petro radicalizou o discurso e partiu para a prática. Depois de ter autorizado que dois aviões militares saíssem dos EUA, trazendo dezenas de repatriados colombianos, mudou de ideia em pleno voo. Fechou o espaço aéreo da Colômbia e obrigou as aeronaves a retornarem ao destino. A diplomacia americana buscou contato com Honduras e os dois aviões pousaram lá, deixando os repatriados sob os cuidados dos hondurenhos. Lembrando que a Presidente de Honduras já tinha discursado contra essas deportações.
Tudo isso ocorrendo em questão de horas, entre sexta e sábado passados. O Presidente Trump, mesmo com o Departamento de Estado agindo rapidamente, não se fez de rogado e disparou na rede social as sanções políticas, comerciais e econômicas com que revidaria à Colômbia. O efeito foi devastador e a oposição colombiana pediu a renuncia de Petro. A sociedade apoiou e Petro voltou atrás de forma humilhante. O recado foi dado e recebido.
Uma reunião de emergência da CELAC, órgão diplomático do Foro de São Paulo, foi convocada em Honduras e, em seguida, cancelada por falta de quórum. Parece que todos os dirigentes de países mais relevantes entenderam o recado e resolveram resguardar-se. Apenas a tiranias abertas confirmaram presença. E elas perderam.
Apesar disso, Lula conversou com Putin sobre o assunto e marcou uma visita ao autocrata russo. Também fez um discurso desastroso, onde disse que se Trump impusesse tarifas ao Brasil, seria aplicado o princípio da reciprocidade. Desastroso, pois não há reciprocidade possível diante da devastadora diferença de poder entre Trump e Lula.
A espada de Trump está sobre a cabeça de líderes latino-americanos. Novos tempos da geopolítica americana estão pairando sobre os autoritários e ditadores convictos do nosso continente. Venezuela, Cuba e Nicarágua estão na mira. México, Colômbia e Brasil, apoiadores diretos dos primeiros, estão de sobreaviso. Talvez Rússia e China não possam salvá-los. E o Brasil tem muito a perder. Ou ganhar, dependendo do ponto de vista.
P.S.: Os próximos capítulos prometem ser tão explosivos como a prévia. Aguardemos para ver.