CESAR LIMA | O Brasil e o crime, um alerta americano para o mundo.

“Evitem viajar ao Brasil”. Com esse alerta do Governo americano começamos a semana.

Engana-se quem acha que isso é apenas uma questão de imagem. Esse não apenas um constrangimento diplomático. É um retrato cruel da realidade de um país que, há décadas, escolheu flertar com a desordem, a criminalidade e a leniência com o crime. Para piorar, o alerta americano ainda custará caro ao Brasil.

A justificativa americana é objetiva: altos índices de violência; roubos; sequestros; homicídios; e insegurança generalizada. Quem vive no Brasil sabe — não é exagero. É simplesmente a constatação do que o brasileiro, de todas as classes sociais, experimenta todos os dias. E que afeta com mais dureza as periferias.

O Estado brasileiro perdeu o controle há tempos. Nas grandes cidades, quem dita as regras são facções, traficantes, milicianos e criminosos armados até os dentes. Já a população, essa vive atrás de grades, cercas elétricas e câmeras de vigilância, pagando impostos extorsivos para financiar um sistema que não lhe oferece o básico – ainda menos segurança pública.

A insegurança custa caro. Caríssimo. E esse novo peso internacional agrava ainda mais uma situação econômica que já cambaleia. Mas como um alerta americano, direcionado aos seus cidadãos, funcionários de embaixada e empresários impacta diretamente na economia brasileira? Vejamos alguns dos impactos diretos e indiretos.

O alerta dos Estados Unidos é um recado claro: um país que não garante segurança não é digno de confiança, nem para turistas, nem para investidores. Apesar da aparente surpresa das autoridades brasileiras e da mídia, este cenário não surgiu do acaso. É o resultado de anos de políticas permissivas, onde a narrativa vitimista transformou os criminosos em vítimas da sociedade e as autoridades policiais em vilãs.

A consequência está escancarada: um país onde quem trabalha vive sob ameaça; e quem infringe a lei vive sob proteção. Há grandes áreas onde o crime organizado tornou-se um Estado paralelo. Nesses locais a população paga seus impostos tanto ao Estado formal quanto ao paralelo. Muitas vezes, mais ao Estado paralelo do que ao formal, mesmo porque o segundo está sempre ausente.

A omissão do Estado e a inversão de valores se traduzem não só em medo, mas em empobrecimento. Segurança pública não é só questão social. É questão econômica, estratégica e de soberania. No entanto, o que deveria ser uma obviedade aqui ainda é motivo de debates acalorados.

Apesar de aparentemente haver uma maioria popular que defende um modelo mais rigoroso contra criminosos, ela não se traduz nos plenários legislativos. Há muitos que ainda defendem esse modelo falido por uma ideologia cega, preocupada apenas com a revolução social. Há também quem evite a mudança por ignorância, por omissão, ou ainda por uma mistura dos dois. Há, por fim, outros porque se beneficiam pelo atual estado das coisas. Para esses, leis penais e processuais mais duras podem significar punições mais severas para eles próprios e associados.

O alerta dos EUA, portanto, não é apenas mais um constrangimento diplomático. Enquanto não tivermos coragem política, moral e institucional para restaurar a ordem, o preço será pago com empregos perdidos, investimentos cancelados, crescimento estagnado e, principalmente, uma população cada vez mais pobre e refém da violência e do crime organizado. O Brasil precisa escolher — e escolher rápido — entre ser um país de leis, ordem e trabalho, ou ser um território dominado cada vez mais dominado pelo crime, pela insegurança e pelo atraso.

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