ACONTECE丨O mundo do Rock’n Roll em tom de fábula

Bruna Torlay
Bruna Torlay
Estudiosa de filosofia e escritora, frequenta menos o noticiário que as obras de Platão.

Nem todo mundo gosta de contar histórias para os filhos, mas todas as crianças, sem exceção, gostam de ouvi-las. O espírito do mito grego, uma história imaginária imbuída de lições morais profundas e perenes, estritamente associadas à natureza humana, atravessou os séculos intacto, no que diz respeito à educação das crianças.

O problema é que as fábulas de La Fontaine, literato do século XVII, ou os originais de Esopo, o fabulista grego que inspirou a tradição de que trata esta matéria, não necessarimaente empolgam mães e pais de tempos incultos. Já o mundo do rock’n roll, povoado por birutas e heróis de todos os tipos, é familiar a quase todo mundo.

Nesse contexto, cai como uma luva o livro infantil O ABC do Rock, de Maurício Nunes e Daniel Ivanaskas. Espécie de abecedário contendo ícones consagrados da cultura popular, o compêndio reúne 26 fábulas morais em forma de poemas inspirados em estrelas do rock.

Cada letra do alfabeto alude a um astro e versa uma breve lição de moral. O livro não foi estritamente pensado para crianças, mas feito para que pais desatentos à tarefa de intensificar laços com os filhos por meio da narração de histórias recuperassem o ânimo para encará-la.

Daniel Ivanaskas produz as imagens de cada astro, todas baseadas na reflexão moral dos poemas, escritos por Maurício Nunes. Nessa toada, a chatice monocromática de Bono Vox surge na letra u, dedicada ao U2, por exemplo, enquanto o valor da amizade tematiza a letra g, cujo pano de fundo é a banda Guns N’Roses. Elvis Presley, é claro, é o dono da letra “e”, que abriga uma homenagem ao singular apego humano pela figura da mãe.

Um livro acessível a crianças recém-alfabetizadas e capaz de agradar as maiores.

Se nem assim os mais preguiçosos tomarem vergonha na cara e encontrarem pretexto adicional para passar tempo com suas crianças, não adianta choramingar no dia em que não mais reconhecer a pessoa que deveriam ter educado.

Dos clássicos ao universo POP, o mercado editorial está cheio de opções ótimas para pais e filhos. Basta levar para casa a quem tem a cara da família e usar com inteligência o tempo livre que sempre conseguimos encontrar, quando se trata do que é realmente importante.

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