Há tempos eu pensava em como sugerir aos colaboradores desta Revista Esmeril tematizar, conforme o espírito de nossas seções, o valor dos tradutores para a cultura. Como julho abordou uma guerra civil e setembro versará a fundação do Brasil como nação independente, a edição de agosto ficou livre, leve e solta para trazer a você leitor, a arte e a cultura ao primeiro plano.
O que surpreende nesta edição é a criatividade de cada escritor, ora refletindo sobre o tema em si, ora usando-o como analogia para abordar assuntos mais quentes. Como vocês verão, nem a origem da pizza ficou de fora da festa.
Vida e Legado recorda a trajetória intelectual de D. Pedro II, inesquecível expoente da tradução literária na história da cultura brasileira. Evidentemente, é o Perfil de Machado de Assis, outro grande tradutor do século XIX, que acompanha na sequência o lastro do imperador.
Roberto Mallet, o artista que transpôs para o palco um dos maiores romances do século XX, é o entrevistado do mês na seção A alta cultura está morta? E para não sair tão rápido do palco, Acontece delineia as adaptações de Homero que o jovem autor Dennys Andrade criou para o teatro infantil.
Em Política e Sociedade, o cientista político Paulo Moura remonta à caverna de Platão para expor o que seria do mundo sem os tradutores, enquanto Fernanda Barth expõe, em Ativismo em Pauta, as habilidades especiais dos Tradutores de direita.
Viver Bem reconta a história da Pizza para ilustrar o ofício da tradução na vida das culinárias tradicionais, trazendo ainda uma receita da iguaria favorita de boa parte do mundo. Enquanto você se aventura a fazer a massa, Território do Riso garante o entretenimento, tentando traduzir a expressão peculiar de nossos políticos linguisticamente mais caricatos.
CrossRoads traduz em palavras como a cultura do meme traduz a nossa alma, e Marco Frenette tece, em Ensaio, considerações acerca das estripulias e descaramentos próprios ao mundo da tradução literária.
Se você achou que a tradução da Bíblia, evento marcante da vida no ocidente, ficaria de fora da edição, estava errado. Mídia e Poder rememora o impacto da criação da prensa e da ousadia de Lutero para tentar compreender porque as redes sociais deixam, hoje, alguns juízes mais loucos do que bispos pecadores às portas do inferno.
Para não esquecermos que A beleza importa, a arte é retratada como intérprete da vida por Diogo Cruxen. E a cereja do bolo, claro, é um diálogo inédito de Paulo Sanchotene, por meio do qual, em Conversar é pensar junto, dois interlocutores provam porque o tradutor é servo e pontífice.
Se o conjunto dessas notas e pensamentos puder se traduzir a você, leitor, como uma porção de bons momentos, a equipe promete dar-se por contente.
Boa leitura e até a próxima edição!