Edward D. Wood Jr. é considerado o “pior diretor de cinema de todos os tempos”, mas há muita controvérsia neste título que, ao menos, alavancou o nome do diretor, infelizmente de maneira póstuma.
Ed era praticamente um nome esquecido na história de Hollywood até Tim Burton o ressuscitar dirigindo um filme biográfico sobre Wood.
O filme é uma obra prima para os fãs de cinebiografias. Com um roteiro esperto, uma fotografia perfeita em P&B e um elenco de ponta, que conta com Johnny Depp como Ed Wood e Martin Landau, faturando um Oscar por seu Bela Lugosi.
Burton foi o mais fiel possível à estranha e louca vida de Edward Wood Jr, que era otimista, visionário e um verdadeiro guerreiro ao produzir filmes com um punhado de dólares nas mãos, sejam estas obras ruins ou não, porque convenhamos que isto é relativo, já que há muito filme pior, inclusive aqui na nossa terra, e feito com muito mais dinheiro, por vezes até oriundo dos cofres públicos…
A diferença é que Ed Wood talvez tenha nascido numa época errada, onde até o fato de se vestir com roupas femininas, sendo heterossexual convicto, hoje seria compreendido, ao invés de desprezado e incompreensível como foi em sua época.
Mesmo com todas as dificuldades, Ed foi capaz de erguer sozinho um universo em preto e branco cercado de sombras dramáticas, erros técnicos, linhas de nylon, maquetes toscas e atuações amadoras, transbordando clichês e efeitos especiais dignos de uma feira de ciência da quinta série, fomentando assim o seu mundo dentro do cinema.
Criou personagens controversos e narrativas polêmicas, confusas e por vezes bem a frente de seu tempo, como é o caso do filme Glen ou Glenda (1953), que envolvia travestismo e fetichismo em plenos anos 50.
As pessoas que Ed reuniu ao seu redor, além de Lugosi e Dolores, sua amada, tornaram-se uma espécie de companhia de atuação medíocre e companheiros de bebida, incluindo o lutador Tor Johnson (“O Anjo Sueco”), o psíquico de televisão “The Amazing Criswell” (um amigo de Mae West ), Paul Marco “Kelton the Cop”, o caubói desbotado Kenne Duncan, Conrad Brooks, Dudley Manlove, Valda Hanson e a sexy e lendária Maila “Vampira” Nurmi.
Wood, sempre alheio às críticas e aos insultos, cravou seu nome na história do cinema, na companhia de seus discos voadores feitos de calotas carro, cenários de papelão, zumbis, vampiras e strippers.
Ed também começou a escrever uma série de livros de bolso com títulos como “Black Lace Drag”, “Let Me Die In Drag” e “Devil Girls”. Seu declínio profissional continuou quando ele trabalhou para uma editora de revistas no final dos anos 60, produzindo cópias e contos em quantidades prodigiosas, uma conquista incrível, considerando que a essa altura Ed Wood havia se tornado um alcoólatra sério.
A DarkSide® Books, uma das mais expressivas editoras brasileiras, lançou no Brasil o livro “Ed Wood – Contos & Delírios”, trazendo uma série de contos assinadas pelo diretor de “Plan 9”, considerado o pior filme de todos os tempos.
Os contos irreverentes e transgressores do cineasta convidam o leitor a embarcar numa viagem para um universo insano e peculiar repleto de fantasmas, assassinos, humor, álcool, erotismo e liberdade.
O livro, publicado em Capa Dura e emoldurado em preto e rosa, as cores favoritas do cineasta, reúne 33 histórias escritas pelo diretor ao longo da década de 1970, aqui ilustradas por Laerte Coutinho.
A maioria dos contos de Ed, publicados no livro, lida com horror, faroeste, crime e o macabro, assim como a maioria de seus filmes, com a diferença de que se, de fato, ele não sabia dirigir, sabe escrever muito bem, portanto não se assuste, pois a bizarrice de Wood é convidativa e divertida, como um filme ruim numa madrugada de domingo.
- Editora Darkside
- 1ª edição (3 maio 2022)
- Idioma : Português
- Preço 59,90
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