O grande destaque
Desde o falecimento de Olavo de Carvalho, em janeiro de 2022, que seus leitores aguardam pela publicação de certas obras, que na verdade já estavam nos planos da Vide e do próprio Olavo. E um desses títulos veio a luma esta semana: Seminarium: páginas de um diário filosófico (1979 – 1997).
A obra é muito mais do que um simples diário. É um registro vivo da trajetória intelectual de Olavo de Carvalho, um documento histórico que nos permite compreender o contexto em que suas ideias foram forjadas. As anotações aqui reunidas abordam uma vasta gama de temas, desde a filosofia e a política até a cultura e a religião, revelando a amplitude de seus interesses.
Este manuscrito, cuidadosamente organizado e editado pelo próprio Olavo de Carvalho, encontrava-se entre seus arquivos pessoais. Ao longo de sua vida, o filósofo compilou uma vasta coleção de escritos, mas este em particular recebeu atenção especial.
A edição também possui um prólogo escrito pelo próprio filósofo.
Leia a seguir o texto “Valores sacrossantos”, que abre o volume:
“As mentes dos nossos relativistas estão repletas de valores absolutos: a democracia, a liberdade de opinião, a igualdade dos sexos, o primado do novo sobre o velho, o governo republicano, o direito à busca do prazer não são, para essa gente, arranjos temporários das conveniências humanas, mas verdades eternas, imutáveis. Contestá-las, mesmo que teoricamente, é blasfêmia intolerável.
A absolutização dos valores da moda funda-se no esquecimento sistemático do passado, que se torna incompreensível e tem de ser reimaginado a cada frase segundo o molde das expectativas do presente.
Assim, por exemplo, o direito divino da monarquia, uma limitação que a Igreja impunha às pretensões individuais dos reis, transformou-se, para a imaginação contemporânea, num reforço dado pelo clero ao poder monárquico. Os privilégios feudais, com que os barões defendiam a autonomia dos seus territórios contra os avanços do poder central, são imaginados como instrumentos de tirania. O próprio feudalismo aparece, na imprensa, identificado à monarquia absoluta!
A ignorância e o esquecimento são os pilares da ideologia democrática.”
Outros lançamentos
Pela Auster, Guia do Estoicismo, de St. George Stock.
Considerada uma das escolas filosóficas mais importantes da história, o estoicismo encontra-se mais vivo do que nunca nos dias de hoje. Para os estoicos, como Epicteto, Marco Aurélio e Sêneca, a busca da felicidade consiste em livrar-se das impressões apaixonadas dos sentidos e das emoções por meio do fortalecimento da vontade e da racionalidade. Antes, porém, de adentrar essa busca da virtude e prática da liberdade, é preciso conhecer seus pilares.
Neste volume, manual conciso e acessível a todos, George Stock nos oferece um panorama da escola do Pórtico, apoiado em autoridades como Sócrates, Platão e Cícero: expõe primeiro o significado do estoicismo entre gregos e romanos, para em seguida estudar seus três segmentos de estudo (lógica, ética, física), fornecendo uma cronologia comentada sobre os mestres estoicos e seu contexto histórico. Em nova tradução e acompanhada de um prefácio do Prof. Aldo Dinucci, especialista em filosofia clássica, esta é uma leitura fundamental tanto para aprofundar como para conhecer os diversos aspectos da filosofia estoica.
Pela Ecclesiae, Cristo versus Satanás em nosso dia a dia, do filósofo e teólogo Robert J. Spitzer.
Neste primeiro volume de sua trilogia “Das trevas à luz”, Spitzer fala do reconhecimento do mal no coração humano e de sua superação, tendo em vista nossa transformação espiritual e moral, que é o que conduz à verdadeira paz e felicidade. O livro se divide em duas partes: na primeira, o autor fala das realidades da bondade de Deus e do mal espiritual; na segunda, explica como reconhecer e vencer as táticas diabólicas do engano, da tentação e do pecado.
Pe. Spitzer apresenta os antecedentes bíblicos e teológicos da vitória de Jesus sobre o mal, explorando também a existência do demônio — inclusive as manifestações extraordinárias de sua atividade, como a possessão. Sintetizando os melhores conselhos dados pelos mestres espirituais católicos ao longo dos tempos, o autor concebe um guia prático para implementá-los em nossas vidas modernas. Com conhecimentos de psicologia, o autor mostra como a oração pode transformar a psique subconsciente, tornando-nos mais capazes de resistir à tentação, de nos desprendermos do mundo e de crescermos em santidade.
Pela Inteligência Expressa, Comunismo vs Globalismo, de Flávio Gordon.
No atual cenário instalado no mundo, diversos analistas políticos e até mesmo boa parte do público enxergam o mundo dividido em dois ou três polos de poder antagônicos, sendo o principal deles a dicotomia entre comunismo (esquema russo-chinês) e os globalistas. Todavia, existe um real enfrentamento entre estas forças ou uma cooperação profunda nos bastidores? Em um estudo realizado em diversos documentos e diários de figuras centrais nesta trama, Flávio Gordon traz à luz diversos acordos que colocam o mundo como um grande espólio a ser tomado por elites de ambos os lados.
Pela Domine, Ensaios de uma vida, de Ademir Amaral.
O autor conheceu Olavo de Carvalho em 2012 e, a partir de então, ensaiou tornar-se escritor. Em Ensaios de uma vida, sua primeira obra literária, declaradamente inspirada no Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, n’Os Cadernos de Malte Laurids Brigge, de Rilke, e nas Confissões de Santo Agostinho, lemos as entradas do diário fictício de um jovem aspirante a escritor que teria vivido entre 1995 e 2020, ano em que foi morto por uma doença que o consumiu por meses. As entradas cobrem os anos de 2015 a 2019, período de grandes mudanças no cenário político nacional que, no entanto, recebem pequena atenção do autor do diário, mais preocupado em relatar sua vida íntima.
Pela Edições Livre, O discurso do método, uma das obras fundamentais da filosofia moderna, escrita por René Descartes.
Nesta edição, com tradução, prefácio e notas de Newton de Macedo, o leitor é guiado pelo processo meticuloso de Descartes em busca de uma base sólida para o conhecimento.
Através de sua célebre máxima “Penso, logo existo”, Descartes propõe um método de investigação filosófica que desafia as certezas estabelecidas e inaugura uma nova era do pensamento crítico. As notas e o prefácio de Newton de Macedo enriquecem a compreensão do texto, contextualizando-o e destacando sua relevância histórica e filosófica.
Pela Livros Vivos, Terra da gramática, de M. L. Nesbitt.
Publicado pela primeira vez em 1878, o livro constitui uma narrativa que nos leva à Terra da Gramática, um lugar alegórico, onde as diferentes classes gramaticais — como o rico Sr. Substantivo e seu útil amigo Pronome; o pequeno e esfarrapado Artigo; o Adjetivo tagarela; o diligente Dr. Verbo e seu parceiro, o Advérbio; a alegre Preposição; a conveniente Conjunção e a irritante Interjeição — são convocadas a comparecer diante do Juiz Gramática para resolver disputas sobre as regras da linguagem. Cada parte do discurso é chamada, uma a uma, para testemunhar, e são questionadas pelo Dr. Sintaxe e pelo Sargento Análise. Ao longo deste julgamento lúdico, o leitor é exposto, sem mesmo perceber, às regras mais importantes da linguagem.
Pela Texugo, O vento nos salgueiros, de Kenneth Grahame.
Mais um volume da Biblioteca Saint Martin, esse clássico da literatura infantil publicado pela primeira vez em 1908, e que já ganhou diversas adaptações para as grandes telas e teatros, narra as aventuras de quatro amigos: o Toupeira, o Rato-d’Água, o Texugo e o incorrigível Sapo. A trama se desenrola principalmente às margens de um rio e no interior de uma floresta, onde esses personagens vivenciam diversas peripécias e enfrentam desafios que os levam a crescer e amadurecer ao longo da narrativa.
O livro é mais do que apenas uma história divertida. É uma celebração da natureza, da amizade e da simplicidade da vida. A linguagem poética de Grahame, combinada com as encantadoras ilustrações de Arthur Rackham, criam uma atmosfera mágica que encanta leitores de todas as idades.