Destaque para 4ª edição de um clássico do Direito brasileiro sendo lançado pela Vide Editorial
A Muralha desta semana está bastante eclética, e atende aos gostos e interesses mais diversos: um já clássico volume do Direito brasileiro em sua 4ª edição; relatos de uma mãe sobre os desafios e as delícias da maternidade; obra que ensina aos filhos de pais imaturos como sobreviver a esta epidemia socioemocional moderna entre os adultos; o 4º volume de uma saga documental sobre a recente trajetória política de Jair Bolsonaro; três reedições de obras menos conhecidas de importantes autores do século XIX; e uma tradução inédita dos maiores comediógrafos da Grécia Antiga.
Tome um fôlego, prepare seu bolso e escolha seus tijolos favoritos!
Destaque
O destaque da semana vai para o lançamento de Bandidolatria e democídio: ensaios sobre o garantismo penal e a criminalidade no Brasil, de Diego Pesi e Leonardo Giardin de Souza. Sucesso de vendas lançado pela primeira vez em 2017 pela Editora Armada, o livro ganha agora sua 4ª edição pela Vide Editorial.
O tema deste livro afeta a vida de todos os brasileiros — quando não a invade, ou mesmo destrói. O que os autores chamam de bandidolatria pode ser resumido da seguinte maneira: é a prática, corrente no ambiente jurídico e penal brasileiro, de transformar o criminoso numa pobre vítima do sistema social, e a vítima, no verdadeiro culpado pela desigualdade, para reparar a qual a violência assassina seria a única opção. O avanço da criminalidade conta com o ostensivo favorecimento das elites políticas, das instituições do Estado e de amplos setores da vida acadêmica e dos formadores de opinião. É assim que chegamos a um verdadeiro democídio, ao extermínio em massa da população, com um número de homicídios que ultrapassa os 60 mil anuais. Servindo-se por vezes de relatos concretos, oferecidos pelo cotidiano nacional, os autores desmontam as falácias correntes sobre segurança pública, e mostram que não se chega a tal nível de criminalidade sem que os valores morais tenham passado, antes, pelo moedor sangrento do relativismo.
O texto exibe desenvoltura filosófica e profundidade teórica, e os autores não recorrem apenas, sequer majoritariamente, a doutrinadores do Direito ou a artigos jurídicos para atacar os problemas sobre os quais se debruçam. Ao contrário: as duas referências mais recorrentes na obra vêm da filosofia: ninguém menos que Olavo de Carvalho e o cientista político Eric Voegelin. E o livro ainda reúne contribuições de autores como Theodore Darlymple e Mário Ferreira dos Santos, todos nomes facilmente reconhecíveis pelo público liberal e conservador.
Além de toda a qualidade que já apresenta, o livro ainda conta com um brilhante prefácio de Percival Puggina, que você pode conferir no trecho abaixo:
“Não se chega a um nível de criminalidade geral em que meio milhão de veículos são roubados anualmente e o número de homicídios bate nos 60 mil anuais (caracteriza o que este livro denomina democídio), sem que os valores capazes de inspirar condutas retas tenham passado pelo moedor do relativismo moral. É a infeliz vingança do Adão pós-moderno. Ele expulsa Deus do seu peculiar “paraíso humanista”, cuja primeira perda é a da própria dignidade. Eis a gênese da displicência moral que se expande sem poupar a parte mais saudável da sociedade brasileira. Afinal, o que seria pecado, ao sul do Equador?
Assim, enquanto, por um lado, as fanfarras do relativismo fazem evanescer as noções de certo e errado, bem e mal, verdade e mentira, por outro chega-se a tempos ainda mais assustadores, soturnos. A soleira da porta é local de perigo, espaço aberto aos predadores.”
Outros lançamentos
Pela Ecclesiae, Maternidade em crônicas: conflito e celebração, de Natália Bessoni. Resultado de uma fascinante experiência jornalística, o livro tem como objetivo oferecer um retrato realista da maternidade, sem deixar de lado o encanto da figura materna, o mistério daquela que é considerada, no senso comum, possuidora do maior amor do mundo.
São histórias de mulheres convencionais, que brigam pelos filhos e com os filhos, que enfrentam o mundo e a si mesmas. Um amor incondicional, mas que pode, às vezes, acabar sendo condicionado por vícios, paixões, dramas interiores — ou reforçado por tudo isso. São histórias de reconciliação, de perdão, mas também de mágoa, angústia e decepção.
A esperança, porém, é o denominador comum de todas elas: em tão diversas realidades, brilha, ainda que como fraca chama que tremeluz com o sopro das tribulações da vida, o aspecto redentor da maternidade, da doação de si. Nos contextos retratados, há mães de um, de nenhum, de nove, de uma multidão. Há mães de coração, de criação e de ventre. Há conflito e celebração.
Pela Editora Auster, Pais e mães emocionalmente imaturos: um guia para estabelecer limites e recobrar sua autonomia emocional, de Lindsay C. Gibson, livro que aborda uma praga contemporânea que é fruto de processos de engenharia social diversos: adultos, pais e mães, incapazes de amadurecer, o que gera severas consequências para seus filhos – pessoas que acabam crescendo e se formando sem referenciais seguros, equilibrados e confiáveis.
Crescer com pais emocionalmente imaturos (EI) pode fazer com que você se sinta sozinho, confuso e negligenciado. Na idade adulta, talvez você tenha dificuldade de estabelecer limites, expressar os seus sentimentos e desenvolver relacionamentos saudáveis com as pessoas. Conforme o seu pai ou mãe envelhece, ele(a) pode continuar tratando as suas emoções com zombaria e desprezo, ou tentando enfraquecer o seu senso de autonomia pessoal. Como, então, se recuperar do comportamento egocêntrico e nocivo de seu pai ou mãe e reaver a própria vida?
Este guia oferece ferramentas poderosas para ajudá-lo a se curar e a se livrar do controle coercivo de pais e outras pessoas EI. Você aprenderá formas práticas de estabelecer limites, validar os seus sentimentos e conquistar autonomia emocional em todos os seus relacionamentos. Se você estiver pronto para deixar de sujeitar-se ao comportamento imaturo e ofensivo, e superar o medo de julgamento e punição que lhe foi infundido por um pai ou mãe EI, este livro irá ajudá-lo a encontrar a liberdade para, enfim, viver a vida da sua maneira.
Pela Cafezinho com pimenta, O Mito IV: o despertar de uma nação, de Emilio Kerber, quarto volume da saga O Mito. Os quatro anos do governo Bolsonaro chegaram ao fim… E como Jair Messias Bolsonaro e o seu período à frente da Presidência da República ficarão marcados para a História do Brasil? Esta obra retrata o período de abril de 2022 a 8 de janeiro de 2023. Nela, está todo o contexto do processo eleitoral, a formação de alianças, a censura aos políticos e jornalistas, o primeiro e o segundo turnos das eleições e o período da Primavera Brasileira, com o povo na frente de unidades militares de todo o Brasil protestando contra o novo governo que tomou posse em 1º de janeiro de 2023. O livro encerra com o “8 de janeiro”, o Capitólio brasileiro, com uma análise das causas e consequências.
A obra retrata os ingredientes que elevaram a conscientização política do povo brasileiro contra o sistema, o que proporcionou ao povo brasileiro uma lucidez ímpar na História do Brasil, o despertar a Nação.
Pelo IBESEC, Odes selecionadas, de José Bonifácio. Soldado da Guerra Civil Portuguesa, articulador político e conselheiro de D. Pedro I e conhecido como Patriarca de nossa Independência, José Bonifácio também foi poeta. Neste volume, foram incluídas as odes mais importantes no contexto histórico e em momentos importantes da vida do autor.
Também pelo IBESEC foi lançado neste mês o título Mulheres célebres, de Joaquim Manuel de Macedo. Conhecido pelo aquaçucarado romance A moreninha, Macedo foi autor de grandes obras menos conhecidas de nosso Romantismo, como A carteira de meu tio, A luneta mágica e A nebulosa, entre dezenas de trabalhos em prosa e verso. Além disso, também foi médico, político e professor – e, nesta condição, escreveu a obra agora relançada pelo IBESEC por ocasião Mês da Mulher. Trata-se de um livro didático publicado em 1878, que apresenta pequenas biografias de mulheres que se tornaram célebres pelas pratica de suas virtudes, principalmente a Caridade, e pelo exemplo de amor aos pais, filhos, esposos e à pátria. A edição ainda conta com introdução de Gabriela Rodart e apresentação de Stefanny Papaiano.
Pela Landmark, outra reedição de uma grande autora do Romantismo: O último homem, de Mary Shelley. Mais conhecida por sua obra-prima Frankenstein, Shelley, nesta obra, escreveu uma das primeiros romances do gênero distopia: ambientado no século XXI, o romance é narrado por Lionel Verney, o único sobrevivente da raça humana que conta a história dos últimos momentos da humanidade, destruída por uma praga que mata gradualmente todos os homens, mulheres e crianças. Verney é mostrado inicialmente como um homem impulsivo, valorizado pelos arroubos da juventude, cujo destino acaba por remodelar a sua alma através do amor, o único poder verdadeiro capaz de transformá-lo em uma figura heroica e humana. A vida das seis personagens principais é apresentada sob um contexto no qual os interesses pessoais e domésticos são substituídos pelas exigências políticas, e estas suplantadas pela praga que engolfa toda a espécie humana.
E, coroando esta edição da Muralha, um lançamento de peso da Mnēma, Rãs, de Aristófanes. Peça apresentada em 405 a.C., tra uma trama que se passa nos infernos. Diante da morte de Eurípides, Dionísio, o deus do vinho e do teatro, desespera-se: não há mais bons poetas para celebrá-lo nos festivais dramáticos de Atenas. Resta ir ao mundo dos mortos para trazê-lo de volta. Nessa jornada, deus, poesia e cidade confrontam-se consigo mesmos – e se transformam. O conflito geracional, tema caro a Aristófanes, encarna-se aqui na disputa entre dois tragediógrafos: Ésquilo, antigo e celebrado, e Eurípides, inovador e iconoclasta. Assim, a comédia homenageia, parodia e esmiúça criticamente seu gênero irmão, enquanto percorre os diversos cantos da vida ateniense. Esboça-se, assim, raro retrato da recepção da tragédia e da poesia por seus contemporâneos.
Edição bilíngue com introdução, tradução e notas de Tadeu da Costa Andrade, o livro está em pré-venda, e os envios começam a partir de 7 de abril.