JOAO EIGEN丨Maria da Conceição Tavares

Joao Eigen
Joao Eigenhttp://www.youtube.com/@joaoeigen
Escritor, Mestre em ciência política (UFSC), advogado e youtuber. Autor de "O fascismo como ideologia e a revolta totalitária", da Appris editora.

Faleceu no sábado, dia 08, a economista e professora Maria da Conceição Tavares. Ícone da esquerda, embora não marxista, Tavares se notabilizou por ser defensora do ideário nacional-desenvolvimentista que marcou as desventuras da balança contábil do governo brasileiro no século XX. Não à toa, Tavares, recém-chegada ao Brasil em 1954, apaixonou-se pela construção da monstruosidade soviética chamada Brasília sob o comando de JK e, desde então, a possibilidade de torrar o dinheiro do contribuinte em projetos que, supostamente, engendrariam o desenvolvimento nunca mais saíram do seu coração.

Formada em matemática, Tavares, contudo, parece que nunca entendeu muito bem a aritmética básica, de que gastar mais do que se arrecada gera mais problemas sociais e econômicos do que quaisquer supostos benefícios desenvolvimentistas da gastança. Nesse sentido, é curioso que, sob a breve influência de seu professor Octavio Gouvêa Bulhões, um expoente da corrente liberal e defensor de um saudável equilíbrio fiscal, talvez Tavares sentisse uma incômoda pulga atrás da orelha alertando para a irresponsabilidade social que é brincar com o orçamento público. Se essa pulga lhe incomodava, Tavares mascarava bem, pois seus arroubos histriônicos, talvez na tentativa de superar argumentos frágeis, tornaram-se célebres: quem nunca viu sua caricata participação no programa Roda-Viva de 1995, no qual a defesa da irresponsabilidade fiscal é justificada pelo apelo à “responsabilidade social”, sem, contudo, explicar como o déficit orçamentário e a inflação seriam medidas benéficas para as classes mais baixas?

No longo e ainda contínuo experimento tosco que é o nacional-desenvolvimentismo brasileiro, Tavares não foi nenhuma pensadora inovadora, radical ou revolucionária: defender o status quo da atuação econômica do governo brasileiro é, por definição, ser conservadora. Para ser revolucionário no Brasil, é preciso defender o que é exceção, o que é raro e contracorrente: estabilidade fiscal, superávits orçamentários, inflação controlada e Estado diminuído.

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