CESAR LIMA | O Cerco de Trump a Maduro

Todos têm acompanhado pela imprensa o cerco militar que os Estados Unidos têm feito à Venezuela no mar do Caribe. O que muitos não entendem, principalmente a grande mídia, é porque somente agora foi tomada tal atitude em relação à ditadura instalada em nosso vizinho.

Quem se aprofunda um pouco mais no funcionamento do governo americano, independentemente se Republicano ou Democrata, percebe haver uma necessidade de o Executivo prestar contas internamente daquilo que faz; especialmente com relação ao uso das forças armadas. É essa necessidade republicana o que explica a demora dos EUA em tomar certas ações.

Há tempos os EUA vêm investigando a relação de Chaves/Maduro com os cartéis de drogas. Essas investigações andam mais rápidas ou mais lentamente, conforme as evidências vão aparecendo aqui e ali. Isso afeta a capacidade dos governos de fazerem algo com essas informações.

Os Estados Unidos há tempos vêm tomando providências em relação à Venezuela. Lembremos que governo americano não reconheceu a eleição de Maduro em 2024. Ademais, o consumo de drogas tem abalado todos os Estados Unidos. Tanto que, ainda em julho de 2024, os grupo narcotraficante venezuelano Sóis, ligados aos cartéis de Sinaloa e ao Tren de Aragua, foi declarado como organização terrorista. Tudo isso aconteceu em pleno governo Joe Biden.

Agora, Donald Trump está na presidência, tendo sido eleito após fazer do combate feroz ao tráfico um de seus principais motes de campanha. Somado a isso, aconteceram fatos novos depois da eleição. Esse cenário motivou as ações mais agudas recentemente tomadas por Washington.

Em maio de 2025, Ovidio Guzmán fechou um acordo com a Procuradoria americana. Ovidio, conhecido como “El Ratón”, é filho de “El Chapo”, um dos fundadores do cartel de Sinaloa. Ele havia sido extraditado do México em 2023 e está preso sem direito a fiança. No acordo, ele entregou os segredos do cartel aos EUA, expondo laços entre Sinaloa e o Cartel dos Sóis, chefiado por Nicolás Maduro. Em troca pela informação, 17 parentes dele ganharam refúgio nos EUA com novas identidades.

A contra-partida demonstra a importância dos depoimentos e provas apresentados. Esse foi o maior acordo penal já realizado pela Justiça americana. As revelações de Ovidio sobre o tráfico de cocaína na Venezuela permitiram que os EUA aumentassem justificadamente, aos olhos americanos, a pressão sobre Maduro.

Porém, houve mais. Em agosto deste ano, “El Mayo” Zambada, co-fundador do cartel de Sinaloa, preso em 2024, também fechou um acordo judicial. A ofensiva militar dos EUA no Caribe, com patrulhas navais e operações antidrogas que até agora destruíram três embarcações de traficantes, foram impulsionadas por essas novas delações.

O discurso de Maduro e todos os líderes do Foro de São Paulo é unânime. Eles acusam a operação militar americana de desrespeito à soberania da América Latina; que, segundo eles, é uma “zona de paz”. Admito que, nesse último ponto, eles têm certa razão. Um método antigo e bem documentado do Foro de São Paulo estabeleceu uma “zona de paz”. Porém, essa é resultante do domínio de cartéis de droga juntamente com guerrilhas sobre o restante da população.

Apesar de todo esse alarido das lideranças latino-americanas, Trump entende ter material suficiente para prestar contas dessas ofensivas na América do Sul; inclusive já demonstrou que a pressão só vai aumentar. Uma ação dentro do território venezuelano não está descartada. Pelo contrário, é muito provável que ocorra.

Essa movimentação só está começando e não irá arrefecer. Muito dessa estratégia é pensada e aplicada por Marco Rúbio. O atual secretário de Estado é um grande conhecedor da região e de seu contexto geopolítico. Ele sabe identificar bem o que é dito nas entrelinhas dos discursos da nossa Esquerda.

Enfim, os EUA estão bem seguros com suas investigações e suas intenções são claras. No exato momento em que esse texto está sendo escrito, Trump mandou suspender todas as últimas tratativas diplomáticas que ainda estavam em curso. Uma invasão o u ataque aéreo são iminentes. Aguardemos os próximos movimentos.

Obs.: Hoje, momentos antes da publicação, Maria Corina Machado, a líder da oposição a Maduro, recebeu o Prêmio Nobel da Paz por sua luta contra a Ditadura. Longe de ser uma derrota de Trump – que almejava o prêmio – essa concessão a Maria Corina dá sinal verde à suas ações contra Maduro pela comunidade internacional.

3 COMENTÁRIOS

Deixe um comentário para Paulo Tarnoschi Cancelar resposta

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Abertos

Últimos do Autor

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com