Assisti sozinho o filme Guerreiras do K-Pop (K-Pop Demon Hunters – Coréia do Sul, 2025), um filme lançado pela Netflix. Deveria ser óbvio ululante, até pelo título, que a obra não foi feita para um homem de 44 anos, pai de dois guris, do interior do gaúcho. Porém, no entanto, contudo, todavia, mas, entretanto, o filme é tão bem-feito que funciona até para alguém como eu. Só assisti porque a obra voltou a ser falada neste mês por causa do Ralouin. Desta vez, a curiosidade me venceu.
Numa época em que o cinema tornou toda e qualquer mulher protagonista absolutamente insuportável, Guerreiras do K-Pop veio como um alívio. É impossível não gostar de Rumi, Mira, e Zoey. Ademais, o principal personagem masculino, Jinu, não é um mero pobre-coitado cuja única função é mostrar o quanto as mulheres são superiores aos homens. Não é por isso que o filme vale a pena. Por favor, fica comigo até o fim. Serei breve, mas no começo é difícil me entender.
O filme é algo como uma mistura de Crescer é uma Fera (Turning Red – EUA, 2022), Viva: a Vida é uma Festa (Coco – EUA, 2017), e Blade: o Caçador de Vampiros (Blade – EUA, 1998). Se parece ridículo, é porque é mesmo – e não importa. A obra não tem a menor vergonha de ser o que é e tampouco se leva mais a sério do que poderia. O título em inglês descreve bem o enredo. A história fala de um trio feminino de música pope coreano (k-pop) que combate demônios. Tem algo a ver com antigas tradições coreanas; e o roteiro leva isso para os grupos musicais de hoje.
A cada nova geração, por séculos, há um grupo escolhido para, através da música, estimular o que há de bom nas pessoas, criando um escudo que protege o nosso mundo da investida de demônios, que existem num mundo inferior. Isso impede que o demônio-mor possa se alimentar de nossas almas. O escudo não é totalmente impenetrável, pelo que elas precisam lutar contra aqueles que cruzam para o lado de cá.
Não vou entrar em detalhes para não estragar quem quiser assistir o filme sem espóileres. O filme permite que se possa ter diferentes interpretações do que poderia representar. Esse trabalha questão imorredouras de buscar fazer o bem, do erro, da vergonha, do perdão – principalmente do auto-perdão. Faz tudo isso sem ser nada enfadonho ou condescendente. É daqueles filmes que pai de guria pode fingir de boas que está se sacrificando assistindo com as filhas. Não é uma “obra-prima da história do cinema”, mas muito recomendo.
Ah… Cuidado. A trilha sonora é absolutamente chiclete. A música Your Idol até tem uma “pegada” cristã. A minha preferida é Free. A preferida do público pelo que pude pesquisar é Golden, mas há várias outras.
Você não cansa de causar boas surpresas, como gosto de animações e de filmes orientais, certamente darei uma olhada…