Ilustradora fala sobre sua estreia como poetisa na literatura infantil
A entrevista de hoje é com Juliana Iasi, designer e talentosa ilustradora com diversos trabalhos publicados, e que, neste mês, estreou também como escritora, pela Texugo e pela João & Maria – pela qual lançou o livro-brinquedo Guto Glutão, o bicho-papão, em que Juliana comprova seus múltiplos talentos.
Revista Esmeril: A João & Maria publicou há pouco seu sétimo trabalho pela editora,Guto Glutão, o bicho-papão, em que você trabalha como ilustradora e também autora. Como foi essa experiência?
Juliana Iasi: Foi bastante desafiador e ao mesmo tempo gratificante. Acredito que a minha experiência como ilustradora e designer me guiou bastante no processo. Também contei com bastante ajuda da Lorena Cutlak para aprimorar o texto.
Revista Esmeril: Como surgiu a ideia de escrever essa história, e do que ela trata?
Juliana Iasi: Esse livro nasceu como proposta de TCC para a pós em ilustração infantil autoral que estou concluindo agora. Quando estava desenvolvendo a ideia, queria trabalhar com a temática de fantoches, de meu interesse desde a infância. Ocorreu-me a ideia de fazer da capa um fantoche (parecido com o formato atual), e a narrativa evoluiu ao ponto de se passar dentro da boca da própria personagem, que terminou virando o próprio livro.
O Guto glutão, o bicho-papão é um monstro mandão e guloso que se dirige diretamente ao leitor, ordenando que o alimente, sem nunca ficar satisfeito. O final trás uma supresa que promete divertir as crianças, “castigando” o Guto por agir dessa forma.
A ideia é apresentar os diversos tipos de comida, incentivar experimentação de sabores diferentes e ao mesmo tempo mostrar de forma leve e lúdica como um comportamente mandão e guloso é próprio de um monstrinho feioso.
Revista Esmeril: Esta foi a primeira vez em que você trabalhou com poesia? Como foi essa experiência?
Juliana Iasi: Foi a primeira vez, e gostei muito. Eu precisei estudar métrica e rima, mas tenho pouquíssima experiência. Como disse anteriormente, pude contar com bastante ajuda da poetisa Lorena. Ela reescreveu meus versos de tal forma que ficaram bem mais naturais, além de ter contribuido com versos inéditos, mantendo a ideia essencial de cada página.
Revista Esmeril: Outra curiosidade sobre o livro é que ele é uma espécie de livro-brinquedo, certo? Como foi trabalhar com esse formato de obra?
Juliana Iasi: Trazer esse tipo de ludicidade foi uma ideia que surigiu por meio das aulas de História da ilustração que tive com o Odilon Moares, renomado ilustrador e autor brasileiro. Ele falava sobre a possibilidade de utilizar aspectos do formato do livro na própria narrativa, e que os livros infantis (os objetos mesmo, não apenas as histórias consideradas infantis) surgiram para serem manuseados pelas crianças. Tive isso muito em conta na hora de elaborar o livro. Acredito que minha formação como designer também me favoreceu nesse sentido, sendo natural para mim pensar no livro também enquanto objeto.
Revista Esmeril: Você tem outros trabalhos em vista, como autora?
Juliana Iasi: Sim, tenho trabalhado em alguns projetos, que também envolvem de uma forma ou de outra esse aspecto lúdico do formato do livro. A minha maior dificuldade é conciliar o tempo que dedico para os projetos em que trabalho apenas como ilustradora com os meus projetos autorais. Mas se Deus quiser haverá outros em breve!