O artigo desta semana já estava pronto, um assunto que julgo bem importante e, depois de muito estudo, já estava bem arrumado para ser publicado, mas novamente fui atropelado pelos fatos do dia-a-dia em nosso problemático Brasil.
O primeiro turno das eleições mal terminou e os nossos políticos conservadores, que já estavam se matando antes, parece que não ficaram satisfeitos e, simplesmente, dobraram a meta, as discussões aumentaram, a cisão vai crescendo e os nosso povo continua bem perdido, uns entrando de cabeça nessa briga defendendo seus políticos preferidos, outros se afastando porque essa briga faz mal a sua saúde.
Se antes discutiam apoios dados ou não aos seus políticos em disputa, essa semana já iniciou com especulações sobre a elegibilidade ou não de Jair Bolsonaro em 2026 e quais seriam os melhores nomes para substituí-lo, será Tarcísio, Zema, Caiado ou Ratinho Junior? E quando políticos fazem isso publicamente é porque, internamente, esse debate já está fervendo, pois eles nunca brincam com seus interesses.
Mas a razão desse artigo não ser o planejado não foi nenhuma dessas questões recorrentes e previsíveis, sempre que uma eleição termina a próxima já está sendo pensada e todos já deveriam estar acostumados com essa sede insaciável por Poder, comum em todos os políticos, mas que os conservadores estão mostrando também, o que deveria soar estranho para qualquer conservador digno desse nome.
A razão foi outra e ela serviu para lembrar a todos, parece que menos aos políticos ditos conservadores e seus lunáticos seguidores, o que deveria ser a pauta de todos os brasileiros que se consideram humanos, independentemente de seu espectro ideológico, mas principalmente aos conservadores.
Nesta segunda-feira circulou um vídeo de uma menina de 10 anos, Giovana, que seria uma mensagem ao Ministro Alexandre e que emocionou muitas pessoas, até porque o brasileiro tem fascinação por tragédias públicas, pois o fato por ela narrado já é conhecido de praticamente todos, e que não sei se o endereçado sequer viu mas isso não é importante, pois certamente não o comoveria.
Óbvio que me emociono com cenas assim, mesmo não as procurando, mas o pensamento que me veio à cabeça, e que tem me assombrado desde então, não foi se o vídeo atingiria o coração, ou não, do Ministro, isso não aconteceu ou acontecerá, mas o fato desse vídeo não ter atingido o coração de nenhum desses nossos políticos conservadores, defensores de Deus, Pátria e Família, um belo slogan que, para essas pessoas poderosas, nada significa.
E não significa nada não por falta de afetações de virtude, discursos inflamados ou planos e projetos grandiosos, esses nunca cessam, mas justamente pelo contrário, não significa nada, o vídeo e o slogan, porque eles simplesmente não calam a boca, não significa nada porque eles ouvem pouco, falam demais e fazem quase nada, isso para conceder que estão fazendo alguma coisa.
Para mim, o grande recado de Giovana, muito pura e inocente para pensar conscientemente nisso, foi “calem a boca e façam alguma coisa”, não aguentamos mais sermos usados, calados, condenados e presos pela vontade exclusiva de poucos homens, em um país que deveria ser de liberdade e leis iguais para todos, não aguentamos mais sermos espoliados de nossos recursos para a manutenção de um Estado que busca apenas o conforto de seus amigos, enfim, não aguentamos mais ouvir vocês falando, sem parar, que a solução é nessa eleição e, com fim dessa, a solução passa a próxima, em um infinito doloroso.
Por favor, em respeito a Giovana, e aos milhões de brasileiros que estão sofrendo, de um modo ou de outro, nesse estado de coisas, CALEM A BOCA e sejam Homens de verdade.
Semana que vem tentaremos voltar à programação normal.