CESAR LIMA丨O Julgamento do Sonho

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A última terça-feira foi um dia histórico. Tivemos o início do julgamento do século, onde Jair Bolsonaro e seus principais auxiliares estão sendo julgados por um suposto golpe de Estado. Na longa leitura do relatório, o Ministro relator Alexandre de Moraes criou uma forma nova de apresentá-lo, simplesmente adiantou o cerne do seu voto. Incrível a criatividade dele.

O Procurador Geral, em sua sustentação oral também inovou, fez um longo discurso político e, depois de três anos de investigação, tudo que fez foi narrar uma história de golpe, encadeada por diversos fatos isolados e, surpreendentemente, não mostrou provas concretas daquilo que narrou. Tudo foi baseado no que foi contado pelo delator Mauro Cid em nove depoimentos diferentes. Os operadores da Lava-jato ficariam vermelhos de inveja.

Nesse mesmo dia, o ex-perito do Tribunal Superior Eleitoral, Eduardo Tagliaferro, depôs no Senado Federal e provou de forma contundente que a produção de provas, nos processos relatados pelo Ministro Alexandre de Moraes, era feita de acordo com a conveniência dele. Um escândalo sem precedentes na história jurídica do Brasil. Depois de hoje, ficou muito claro que os inimigos da democracia não tentaram um golpe. O golpe foi sucesso.

Assim, este colunista não pode deixar de apresentar sua opinião jurídica sobre esses fatos. São trinta anos de atuação na área, tendo a Constituição Federal como norte, assim como as leis e códigos brasileiros como base, experiência fundamental para elucidar o assunto. Tanto conhecimento não pode ser jogado na lata do lixo. Vamos lá.

Nesse parecer vou usar os seguintes ingredientes: quatrocentos gramas de farinha de trigo, dez gramas de fermento biológico – não confundir com ideológico, cinco colheres de açúcar, um ovo – atenção, o OVO é muito importante, cinquenta gramas de margarina, cem mililitros de leite morno e uma pitada de sal.

Colocar em uma tigela comum – qualquer gabinete secreto tem uma – cem gramas de farinha, o leite morno, o açúcar e o fermento – lembrem-se, o biológico, não o ideológico. Mexer bem e deixar a mistura crescer – como acontecem com as mentiras. Mexer bem é o truque.

Agora, adicionar o restante dos ingredientes sem esquecer do ovo – o OVO é muito importante – e novamente mexer muito bem. Sem mexer bastante os ingredientes não formam a massa desejada e o sonho não se realiza. Deixem crescer um pouco mais até a massa dobrar de tamanho, mas sob um pano – como as boas mentiras, a massa cresce melhor sob um pano.

Após esse processo, façam bolinhas do mesmo tamanho e fritem todas em óleo bem quente. A fritura em óleo fervente, assim como o OVO, é essencial para finalizar o sonho de maneira efetiva. Depois de todas as bolinhas bem fritas, entube-as com recheio do seu gosto e passe no açúcar. Pronto, o sonho estará terminado e pode ser degustado tanto pela elite quanto pela plebe, pois são produtos baratos e qualquer beneficiário da bolsa-família poderá adquirir.

É uma receita deliciosa e, quando o sonho acabar, basta providenciar mais ingredientes e novos sonhos podem surgir. Mas cuidado, os gringos não gostam muito dessa receita brasileira e podem querer intervir na sua cozinha. Defenda a soberania da sua cozinha com unhas e dentes.

Esse é o meu parecer jurídico sobre o Brasil de hoje. Não posso reclamar.

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