CESAR LIMA | O Brasil em Guerra

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Há uma situação sobre a qual todos parecem preferir colocar sob um tapete de silêncio quase criminoso: o Brasil está em guerra e cada vez mais isolado dentro da própria América Latina. Contudo, essa realidade acabou escancarada pela recente operação policial no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, realizada em 28 de outubro p.p., com centenas de mortos e presos. Diante disso, ficou impossível impedir um grande debate em sociedade.

Com presença em quase todo o Brasil – com exceção do Rio Grande do Sul – tanto o Comando Vermelho (CV) quanto o Primeiro Comando da Capital (PCC), dominam vastas áreas de território em diferentes Estados. Alguns governadores de Estados afetados já se reuniram com Claudio Castro, governador fluminense, em busca de parcerias para um combate mais efetivo ao crime organizado. Enquanto isso, Bahia e Ceará já reproduziram operações semelhantes ao da polícia do Rio.

O governo federal recusa-se em ajudar. Uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) possibilitaria o uso das Forças Armadas nesse combate. Isso seria muito útil diante da grande capacidade paramilitar dos criminosos – que já agem como terroristas. Ademais, o governo Lula já recusou oficialmente, por duas vezes, pedidos americanos para fazer a designação dessas organizações criminosas transnacionais como terroristas.

Mesmo com a recusa, os EUA devem fazer esse movimento em breve; justamente quando cerca de dez por cento da força naval americana está ao redor da Venezuela. A queda de Maduro e, consequentemente, do cartel dos Sóis e seus cúmplices, está próxima. Isso fatalmente traria o Brasil para os holofotes – colocando o país numa situação muito difícil e de enorme pressão.

Lula se encontra em maus lençóis. O empenho do governo Trump em combater os cartéis de narcotráfico na região tem conseguido tirar o sono dessas organizações e de governantes ligados ao Foro de São Paulo. Maduro, com os dias contados e Gustavo Petro (Colômbia) são aliados do presidente brasileiro – o que nos coloca no caminho de um grave desastre diplomático.

Com essa nova postura americana, promovida pelo Secretário de Estado Marco Rubio – filho e neto de cubanos exilados – o mapa político da América Latina tem se redesenhado. O presidente eleito da Bolívia já avisou que pretende estreitar os laços com Washington. A Argentina e o Paraguai declararam tanto o CV quanto o PCC como grupos terroristas, e o Congresso colombiano já fez o mesmo à revelia do seu presidente.

Esses movimentos têm relação direta com a operação no Rio de Janeiro. Claudio Castro, inclusive, levou pessoalmente um vasto relatório das ações do CV e externou o desejo de que Trump designe o CV e o PCC como terroristas. Tudo indica que outros estados seguirão o exemplo – São Paulo até já teria feito.

Com outros países e com os estados entrando nessa guerra ao lado americano, a tendência é o que governo brasileiro fique cada vez mais isolado. Acuado, o sistema brasileiro já reagiu, a operação carioca já tem sido abertamente chamada de massacre ou genocídio, tanto pelo governo federal como pela grande imprensa.

Seguindo esse roteiro, o Tribunal Superior Eleitoral desengavetou uma ação visando a cassação de Claudio Castro. A relatora do processo já votou condenando o governador. Coincidência? Difícil não enxergar um movimento coordenado, mas as pesquisas mostram que a maioria da população apoia a polícia.

Os resultados desse quadro são imprevisíveis. Os fatos se sucedem, aliados e inimigos – internos e externos – se posicionam e movem suas peças. As conseqüências dessa guerra moldarão nosso país pelas próximas décadas. Só nos resta aguardar para ver qual Brasil sairá vencedor do conflito.

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