“Se você olhar muito tempo para o abismo, o abismo olha para você”
Friedrich Nietzsche
Desde o início do atual mandato de Lula da Silva, o governo tem flertado perigosamente com o autoritarismo. Não que os governos petistas anteriores tivessem sido mais responsáveis em matéria de política externa, longe disso, mas nunca estivemos mais perto de sofrer as consequências dessa fixação insana como agora. Esse olhar fixo no abismo autoritário pode custar caro ao Brasil.
O governo Lula sempre teve uma preferência ideológica por China, Rússia e autocracias ligadas ao Foro de São Paulo em oposição às democracias ocidentais. Depois de décadas de desatenção dos EUA e Europa, finalmente parece que esses antigos parceiros começam a olhar para o Brasil com outros olhos.
Os líderes democráticos, antes, ao menos louvavam Lula por reconhecerem nele uma luta contra a fome e a desigualdade social. Hoje, eles têm se assustado com sua verdadeira face populista e anacrônica. Os nossos antigos parceiros veem uma aproximação muito rápida do Brasil a potências anti-ocidentais e regimes autoritários e ditatoriais, como China, Rússia, Venezuela e Irã.
Aquele velho discurso antiamericano tem atingido picos cada vez mais belicosos. A atenção americana, antes afastada do Brasil, voltou-se para este antigo aliado. E o que estão vendo? Um Brasil que se tornou um risco à sua segurança nacional. Esse é o pior tipo de atenção que qualquer país do mundo pode despertar nos americanos.
Dessa forma, temos assistido atônitos à ameaça de Trump de impor tarifas de 50% (cinquenta por cento) sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. Essas tarifas, no contexto geral, não serão nada perto do que estamos prestes a sofrer se o atual governo continuar olhando fixamente para esse abismo das ditaduras.
Os opositores ao governo fazem há anos nos EUA um trabalho de formiguinha, denunciando uma perseguição política ao espectro conservador. O Supremo Tribunal Federal executa com mão-de-ferro ataques à liberdade de expressão do governo, inclusive contra empresas americanas, cidadãos americanos e residentes refugiados. Diante disso, Trump entendeu que frear o Brasil serviria para passar um recado ao resto do mundo.
E o recado foi claro: os EUA não permitirão que nenhuma nação atinja interesses americanos, principalmente com quem quer fazer negócios por lá. Óbvio que, com os olhos fixos no abismo, tanto o governo quanto a elite brasileira parecem não terem entendido a mensagem. Isso pode ser trágico para nós brasileiros.
O arsenal de sanções contra o Brasil e suas autoridades é enorme. A própria OTAN tem dado sinais de que os países europeus também podem aderir a essas sanções. Tal cenário pode ser fulminante para os interesses brasileiros no mundo. Alguns têm dito que tais medidas retaliatórias podem nos jogar “no colo” dessas ditaduras.
Esses parecem não enxerar que, em muitos aspectos, já estamos lá. O governo, inclusive, não dá sinais de recuo. O Supremo dobra a aposta, e os políticos tentam faturar politicamente com as medidas.
Estamos à beira do abismo. E o abismo está olhando para nós.