Eu pouco conhecia Charlie Kirk. Tinha visto algumas inserções dele nas redes sociais, tinha conhecimento que se tratava de um jovem arrojado e defensor de princípios tradicionais, sabia que era um entusiasta de debates, mas, sinceramente, nunca havia parado para prestar atenção em seu trabalho.
Por razões óbvias, agora, vários de seus vídeos têm aparecido para mim e, assistindo-os, uma coisa me pareceu bastante óbvia: seu assassinato não foi uma surpresa.
Isso porque não há pessoa considerada mais ultrajante do que aquela que deixa seus debatedores sem palavras ─ e Kirk fazia isso com maestria. Calar alguém, diante de uma multidão, deixando-o sem argumentos, é o ápice da humilhação. E, pelo que vi, isso acontecia constantemente em seus debates.
Seu método, porém, era o mais simples e antigo possível: uma lógica clara e objetiva, com pouca retórica e nenhuma erística.
Ainda assim, apesar de nunca ser agressivo, Kirk parecia arrogante para seus adversários. Afinal, para eles, convicção e coerência lhes soava como intolerância.
Como os escravos da Alegoria da Caverna de Platão, que, ao se depararem com o conhecedor da verdade, passaram a tratá-lo como um louco, com falas estranhas e ameaçadoras, os adversários de Charlie Kirk também o tomaram por perigoso.
Até porque eles fazem parte de uma geração que abandonou a coerência e a racionalidade, tratando convicções, respeito aos conhecimentos tradicionais e apego à realidade como atitudes intransigentes.
Para eles, não existe o conceito de inflexibilidade da verdade, mas preferem fazê-la a mais elástica possível, para poderem manipulá-la a seu bel-prazer.
Por isso, o assassinato de Charlie Kirk, apesar de odioso, não surpreende. Até porque a violência é o único recurso que resta para quem despreza a lógica e a razão.