O Rafael Nogueira no Instagram escreveu sobre a necessidade de uma nova Constituinte para o Brasil [linque]. Deixei um comentário contrário a idéia. O próprio Nogueira me respondeu perguntando sobre o porquê. Ele se espantou comigo mesmo sem saber que, de fato, eu sou amplamente a favor de uma nova Constituição.
Há tempos começara a rascunhar uma, inclusive; ainda que nunca a terminei. Pode-se ver parte do projeto no blogue Plano Rio Grande [basta clicar aqui]. Pretendo publicar mais a respeito. Minha restrição à proposta do Nogueira, como disse a ele, é quanto ao momento. Não é a hora. O risco de uma Constituinte agora é terminarmos com um documento pior do que o atual. Não estamos preparados para isso.
Uma Constituinte é o último passo. É necessário antes estarmos com a discussão devidamente delimitada. É preciso haver consensos quanto aos fundamentos. Os debates devem ser sobre os detalhes. Portanto, sou amplamente a favor de falarmos amplamente sobre questões constitucionais. Porém, sou fortemente contra a realização de uma Constituinte nas atuais circunstâncias.
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Enquanto não avanço no projeto constituinte, tenho tratado de futebol. Postei na semana passada sobre o tema aqui na Esmeril [linque]. Não foi a primeira vez – há diversos textos meus sobre isso na coluna e na revista [basta pesquisar]. Também já expus minhas idéias num blogue, Os Campeões do Brasil, ainda que apenas de forma indireta [basta clicar aqui].
Os dois projetos são interligados. Nenhum desses – o político e o ludopédico – têm o objetivo de encerrar o assunto. Não é o ponto-de-chegada que importa, mas o caminho que trilham. São muito mais relevantes as perguntas que tento responder do que as respostas que encontro ao enfrentar tais questões. Nada é aleatório. Tudo tem um porquê.
O futebol brasileiro também precisa de uma nova Constituição. A atual organização do ludopédio nacional vem desde 2003, mas – a exemplo da CF/1988 – tem sérios problemas nas premissas. Reformas pontuais são incapazes de resolver os vícios-de-origem. É preciso repensar tudo; e a forma correta de se repensar o futebol e a política são similares. Só é mais simples tratar de futebol.
Contudo, mesmo que mais simples, não é fácil. Eu não tenho conseguido me fazer entender. Se eu tenho me mostrado incapaz de ser claro falando de futebol, ¿como posso ter pretensão de ajudar no debate público sobre a política?
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Aliás, essa dificuldade de comunicação foi justamente o que deu causa à coluna Conversar é Pensar Junto. Não é um problema exclusivamente meu, infelizmente. Sem antes resolvermos esse problema, será inevitavelmente infrutífero qualquer esforço para reordenar nossa comunidade pela criação de uma estrutura consensual – o objetivo de uma Constituinte. Para tanto, falta darmos o primeiro passo: reconhecer a existência de tal problema.