CESAR LIMA | As sanções americanas chegaram ao Brasil

Uma verdadeira “bomba americana” caiu no Brasil. Donald Trump enviou carta a Lula informando que todos os produtos brasileiros receberão tarifas adicionais de 50% (cinquenta por cento) sobre as tarifas já existentes.

A aplicação de tarifas comerciais é mais do que um gesto protecionista. Trata-se de uma forma de pressão estratégica. Trump, ao anunciar esse movimento, deixa claro que não aceitará uma relação passiva com um governo que se alinha a regimes como Venezuela, Cuba ou Irã, e que adota um discurso de antagonismo aos valores tradicionais do Ocidente.

O governo Trump já estava encaminhando cartas parecidas a dezenas de países; isso não seria novidade. A grande diferença é que o Brasil recebeu a maior tarifa entre todos; além dos motivos elencados pela presidente americano. Na carta, Trump cita a perseguição judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Diz mais, cita as últimas eleições presidenciais, como pouco transparentes, e a censura aplicada a grandes empresas de mídias sociais americanas.

Um ponto que merece atenção é a referência à perseguição política contra Jair Bolsonaro. É cada vez mais notório que o ex-presidente brasileiro vem sendo alvo de processos judiciais acelerados e desproporcionais — alguns dos quais baseados em interpretações jurídicas questionáveis. Quando Trump aponta isso em sua carta, ele não está apenas se solidarizando com um aliado político; está sinalizando ao mundo que o jogo democrático no Brasil está sendo jogado com regras desequilibradas e que isso pode comprometer a legitimidade das eleições futuras.

Outro ponto é a cobrança feita por Trump em relação à transparência do processo eleitoral brasileiro. A questão é delicada, apesar de necessária. O Brasil é uma democracia que se entendia madura, perdeu essa qualidade ao tentar ser imune ao questionamento — especialmente quando instituições como o Judiciário se colocam acima do escrutínio popular e blindadas contra qualquer crítica.

O último ponto é a censura aplicada às empresas americanas de mídia sociais. Essa questão já é antiga. São ordens secretas para censurar perfis de cidadãos americanos ou residentes lá, quebra do protocolo internacional para intimação dessas empresas, bloqueios de valores e, por fim, o julgamento que determinou que as empresas terão que censurar postagens mesmo sem ordem judicial sob pena de responsabilização.

O presidente Lula, após uma reunião de emergência, manifestou-se de maneira quase infantil e usando jargões inócuos diante da gravidade das colocações de Trump. Lula fala sobre intervenção sobre a soberania nacional, aplicação de reciprocidade e de que o Brasil não se curvará a interesses estrangeiros.

Em vez de rotular ou desqualificar a carta, o governo Lula deveria considerá-la um chamado à responsabilidade. O mundo está de olho no Brasil — e não basta gritar “democracia” enquanto se ataca adversários e se evita qualquer transparência no processo eleitoral. Democracia se faz com votos, mas também com garantias, equilíbrio e respeito à pluralidade.

Por fim, analistas da grande mídia, políticos da base aliada e outros atores políticos dizem que a carta é agressiva ou sem precedentes. Ela é realmente, mas ela representa, na verdade, uma mudança de postura: um recado direto de um chefe de Estado que não tem receio de colocar princípios acima do protocolo. Ignorar seus recados pode custar caro ao Brasil em termos de comércio, diplomacia e reputação.

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